ATA DA SEGUNDA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO
LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUARTA LEGISLATURA, EM 20-02-2006.
Aos vinte dias do mês de fevereiro do ano de dois
mil e seis, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a
Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas, foi realizada a chamada,
sendo respondida pelos Vereadores Alceu Brasinha, Carlos Comassetto, Carlos
Todeschini, Claudio Sebenelo, Haroldo de Souza, Ibsen Pinheiro, João Antonio
Dib, João Carlos Nedel, Luiz Braz, Margarete Moraes, Professor Garcia, Raul
Carrion e Sofia Cavedon. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente
declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a Sessão, compareceram os
Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Almerindo Filho, Bernardino
Vendruscolo, Clênia Maranhão, Dr. Goulart, Elias Vidal, Elói Guimarães, Ervino
Besson, José Ismael Heinen, Manuela d'Ávila, Márcio Bins Ely, Mario Fraga,
Maristela Maffei, Maurício Dziedricki, Mônica Leal, Nereu D'Avila, Neuza Canabarro,
Paulo Odone, Sebastião Melo e Valdir Caetano. À MESA, foram encaminhados: pelo
Vereador Dr. Goulart, juntamente com os Vereadores Márcio Bins Ely, Mario Fraga
e Nereu D’Avila, o Projeto de Resolução nº 047/06 (Processo nº 0173/06); pelo
Vereador Elias Vidal, o Projeto de Resolução nº 049/06 (Processo nº 0473/06);
pelo Vereador Maurício Dziedricki, o Pedido de Informação nº 044/06 (Processo
nº 0813/06). Ainda, foi apregoado o Ofício nº 129/06, do Senhor Eliseu Santos,
Prefeito Municipal de Porto Alegre, em exercício, encaminhando o Projeto de Lei
do Executivo nº 001/06 (Processo nº 0844/06). Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios
nos 081, 083, 084 e 085/06, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre;
010/06, do Senhor João Francisco Scharinger, Chefe do Departamento de Desenvolvimento
Urbano da Área Social do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
–BNDES; 020 e 021/06, do Senhor Ruben Danilo de Albuquerque Pickrodt,
Superintendente de Negócios Substituto da Caixa Econômica Federal – CEF. Em
GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Professor Garcia divulgou atividades da “2ª
Semana de Prevenção das LER/DORT”, programada para o período de vinte e dois a
vinte e quatro de fevereiro do corrente, neste Legislativo. Também, avaliou o
sistema carcerário vigente no Brasil, atentando para a importância de políticas
de reintegração dos presidiários, por meio da preparação para o mercado de
trabalho e da implantação de projetos de assistência social voltados aos
familiares do infrator. Na oportunidade, por solicitação do Vereador Professor
Garcia, foi realizado um minuto de silêncio em homenagem póstuma ao Senhor
Eduardo Ardais Wortmann, falecido no dia dezoito de fevereiro do corrente. Em
COMUNICAÇÕES, o Vereador José Ismael Heinen citou dados de estudo elaborado
pelo Professor Luiz Reynaldo de Azevedo Cardoso, relativo ao déficit habitacional
do País, destacando que essa carência atinge em especial a zona urbana e os
grupos mais carentes da sociedade. Igualmente, reportou-se à Lei Municipal nº
9.939/06, originária de Projeto de sua autoria, que dispõe sobre o acesso de grupos de baixa renda à construção, reforma e
ampliação de moradias. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Ibsen Pinheiro discorreu acerca da
trajetória profissional do Ministro Nelson Jobim, afirmando que o Presidente do
Supremo Tribunal Federal é um exemplo de homem público caracterizado pela
capacidade de trabalho, talento político e excelente formação cultural. Ainda,
analisou questões atinentes à composição e estrutura do Poder Judiciário,
aludindo à Resolução Federal nº 007/05, que proíbe a prática do nepotismo no
âmbito desse Poder. A Vereadora Sofia Cavedon declarou seu apoio a mudanças
estruturais implantadas no sistema educacional brasileiro, que ampliam de oito
para nove anos o período de ensino fundamental. Quanto ao assunto, ressaltou
que essa medida segue propostas pedagógicas progressistas, visando a uma melhor
alfabetização da criança e beneficiando os estudantes de menor nível econômico,
pois garante o acesso à pré-escola, que hoje já é uma realidade junto à
população de melhor poder aquisitivo. O Vereador Mario Fraga abordou o Projeto
de Lei do Legislativo nº 070/05, que define a política municipal de apoio ao
cooperativismo, e cumprimentou a Secretaria Municipal da Cultura pela
organização do Carnaval 2006. Também, apoiou o nome de Alceu Collares como
candidato do Partido Democrático Trabalhista às eleições deste ano para
Governador do Estado e chamou a atenção para conflitos observados na RS-040,
resultantes da implantação de pedágio nessa rodovia. O Vereador Claudio Sebenelo
comentou pesquisa divulgada hoje pelo jornal Folha de São Paulo, segundo a qual
vinte e sete por cento dos jovens brasileiros não estudam e não trabalham.
Nesse sentido, criticou a gestão do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
propugnando por uma reformulação econômica que crie expectativas reais de
futuro, por meio de políticas desenvolvimentistas embasadas na busca da ampliação
do mercado de trabalho e da geração de renda. A Vereadora Manuela d’Ávila
relatou visita efetuada por Sua Excelência e pelo Vereador Dr. Goulart, no dia
dezessete de fevereiro do corrente, ao Centro de Saúde da Vila dos Comerciários, antigo PAM3, denunciando problemas de falta de
horários de consulta e ausência de funcionários lotados naquela unidade. Da
mesma forma, contestou matéria da Edição nº 2721 do Diário Oficial de Porto
Alegre, intitulada “Médicos atuam em todas as equipes do Programa de Saúde da
Família”. Após, o Senhor Presidente registrou a presença do Senhor João Batista
Oliveira Henriques, Presidente do Diretório Municipal do Partido Democrático
Trabalhista da cidade de Caçapava do Sul – RS. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a
Vereadora Neuza Canabarro classificou como positiva a ampliação do período do
ensino fundamental nas escolas brasileiras, discorrendo sobre a evolução
observada no sistema educacional nas últimas décadas e afirmando que as
crianças atualmente possuem condições físicas e mentais de iniciarem o processo
de alfabetização aos seis anos de idade. Finalizando, teceu críticas à gestão
do Ministro Nelson Jobim à frente do Supremo Tribunal Federal. Em PAUTA,
Discussão Preliminar, em 1ª Sessão, estiveram os Projetos de Lei do Legislativo
nos 310/05, discutido pelos Vereadores João Antonio Dib e Bernardino
Vendruscolo, 316, 318, 325 e 324/05, este discutido pelo Vereador Bernardino
Vendruscolo, os Projetos de Lei Complementar do Legislativo nos
002/04, discutido pelos Vereadores João Antonio Dib, Claudio Sebenelo,
Bernardino Vendruscolo, Carlos Comassetto e Sofia Cavedon, 036 e 073/05, este
discutido pelo Vereador João Antonio Dib, os Projetos de Lei Complementar do
Executivo nos 014/05, discutido pelos Vereadores João Antonio Dib e
Carlos Comassetto, e 015/05, discutido pelo Vereador João Antonio Dib, os
Projetos de Resolução nos 153 e 156/05 e 015/06, este discutido
pelos Vereadores Bernardino Vendruscolo e Carlos Comassetto. Na oportunidade,
por solicitação do Vereador Ibsen Pinheiro, foi realizado um minuto de silêncio
em homenagem póstuma ao Senhor Carlos Eroni Carús, ex-Assessor da Assembléia
Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, falecido no dia de hoje. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Vereadora Maristela Maffei registrou sua presença na
abertura da Festa da Uva em Caxias do Sul, informando que, na ocasião, foi confirmada
a destinação de recursos do Orçamento da União para a conclusão do Centro de
Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada – CEITEC – em Porto Alegre. Ainda,
destacou o empenho de Deputados Federais gaúchos para a liberação dessas verbas
e frisou as vantagens para o Estado em contar com esse Centro. O Vereador Raul
Carrion leu trechos da crônica “A Demofobia Suicida do PSDB”, de autoria do
colunista Elio Gaspari, publicada na edição de ontem do jornal Correio do Povo,
a qual analisa a postura do Partido da Social Democracia Brasileira em relação
ao povo brasileiro. Também, sublinhou o crescimento da aceitação do Presidente
da República junto à população, traçando um comparativo entre os Governos
Federais dos Senhores Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva. O
Vereador Luiz Braz posicionou-se contrariamente à postura adotada pelo
Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva frente às acusações de corrupção
contra o Partido dos Trabalhadores, alegando que verbas estatais desviadas deveriam
ser devolvidas aos cofres públicos e que o PT deve sofrer uma investigação
aprofundada da Polícia Federal. Além disso, enalteceu o trabalho de jornalismo
investigativo realizado em relação ao assunto pela revista Veja. A Vereadora Sofia
Cavedon, refutando críticas ao Governo Federal, argumentou que o desempenho do
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva é melhor do que o do ex-Presidente Fernando
Henrique Cardoso e elogiou o auxílio prestado pelo Brasil ao Haiti e as ações
da Polícia Federal no desbaratamento de quadrilhas. Ainda, posicionou-se contrariamente
às licenças do Governador do Estado, Germano Rigotto, a fim de viajar pelo
Brasil para defender sua candidatura à Presidência da República. O Vereador
João Antonio Dib protestou contra o uso de Comunicação de Líder pelos Senhores
Vereadores para tratar de assuntos referentes aos Governos Estadual e Federal,
salientando que esses tópicos podem ser abordados durante os períodos de
Comunicações e Grande Expediente. Em relação ao assunto, lembrou que a
população porto-alegrense espera pela solução dos problemas da Cidade,
defendendo uma discussão mais efetiva em torno de questões municipais. O
Vereador José Ismael Heinen afirmou que o Brasil necessita de uma abordagem
mais liberal em sua política econômica, criticando os resultados obtidos pelo
Governo Federal na área econômica e alegando que o País teve um dos piores
índices de crescimento do mundo nos últimos anos. Nesse contexto, discordou da
abordagem dada pelo Governo Federal ao desemprego e reprovou o crescimento de
gastos públicos e o estancamento dos investimentos governamentais. O Vereador
Elói Guimarães discorreu acerca das eleições presidenciais a serem realizadas
em outubro deste ano, considerando salutar para a disputa que os dois
principais Partidos envolvidos nesse pleito já tenham ocupado a Presidência da
República. Nesse sentido, julgou que essa igualdade de condições entre os
candidatos acarretará uma campanha mais justa, opinando que a população
brasileira não acredita em promessas ilusórias de qualquer candidato. O
Vereador Sebastião Melo destacou avanços promovidos pelo Governo Estadual no
índice de mortalidade infantil e na qualidade de ensino do Rio Grande do Sul.
Também, questionou o desempenho do ex-Governador Olívio Dutra, enumerando sua
propostas de campanha que não foram cumpridas durante o período em que ocupou o
Governo Estadual. Finalizando, repeliu ações do Governo Federal como sendo
contrárias aos interesses da população brasileira de baixa renda. A Vereadora
Clênia Maranhão discutiu as medidas tomadas pelo Governo Federal no campo
social, argumentando que a política nacional nesse aspecto é assistencialista e
não favorece o desenvolvimento da cidadania. Além disso, registrou as visitas a
Porto Alegre da Deputada Federal Denise Frossard, hoje, para discutir políticas
de segurança pública na Assembléia Legislativa, e do escritor Adolfo Peres
Esquivel, ontem, para palestrar na IX Assembléia do Conselho Mundial de
Igrejas. A seguir, o Vereador Sebastião Melo formulou Requerimento verbal,
deferido pelo Senhor Presidente, solicitando que a Mesa Diretora tome
providências para que o Grande Expediente do dia dez de março do corrente seja
destinado a homenagear o décimo aniversário do Programa Espaço Aberto, da Rádio
Guaíba AM. Em continuidade, em face de Questão de Ordem formulada pelo Vereador
Ibsen Pinheiro, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca da ordem dos
trabalhos da presente Sessão. Após, constatada a existência de quórum, foi iniciada
a ORDEM DO DIA. Às dezesseis horas e quarenta minutos, os trabalhos foram regimentalmente
suspensos, para a realização de reunião conjunta de Comissões Permanentes,
sendo retomados às dezesseis horas e cinqüenta e um minutos, constatada a
existência de quórum. Em Discussão Geral, 3ª Sessão, esteve o Projeto de Emenda
à Lei Orgânica nº 007/05, que foi discutido pelos Vereadores Aldacir Oliboni,
Adeli Sell, Luiz Braz, João Antonio Dib, Sofia Cavedon, Claudio Sebenelo,
Margarete Moraes, José Ismael Heinen, Carlos Comassetto, Carlos Todeschini e
Sebastião Melo. Na ocasião, em face de Questão de Ordem formulada pelo Vereador
Luiz Braz, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca da autoria do
Substitutivo nº 01 ao Projeto de Emenda à Lei Orgânica 007/05. Também, foi
apregoada a Emenda nº 02, proposta pelo Vereador Aldacir Oliboni e assinada
pela Vereadora Sofia Cavedon, Líder da Bancada do PT, ao Projeto de Emenda à
Lei Orgânica nº 007/05 (Processo nº 2166/05). Ainda, o Senhor Presidente
prestou informações acerca dos convites recebidos por este Legislativo para os
desfiles do Carnaval 2006, salientando que, por motivos de segurança, esses
ingressos não poderão ser repassados a terceiros, sendo destinados
exclusivamente aos Senhores Vereadores e seus familiares. Às dezoito horas, o
Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores
Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental.
Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Dr. Goulart, Luiz Braz e Márcio
Bins Ely e secretariados pelo Vereador Haroldo de Souza. Do que eu, Haroldo de
Souza, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata, que, após
distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor
Presidente.
O Ver. Professor Garcia está com a palavra em
Grande Expediente, por cedência de tempo da Verª Clênia Maranhão.
O SR. PROFESSOR GARCIA: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, quero agradecer à Verª
Clênia Maranhão pela cedência do espaço no Grande Expediente para que eu possa
fazer um convite a todos os Vereadores e Vereadoras e à população em geral: na
próxima quarta-feira daremos início à 2ª Semana de
Prevenção das LER-DORT no Município de Porto Alegre. Este ano o evento terá
três dias de duração: quarta, quinta e sexta-feira, em função do carnaval, mas
entendemos que é mais do que oportuno esse evento. Essa Semana será de reflexão
para discutir em Porto Alegre a questão das Lesões por Esforços Repetitivos.
Esse tema faz com que hoje milhares de trabalhadores, no mundo todo, durante
determinadas épocas, sejam privados do seu trabalho e, muitas vezes, não sabem
que possuem essa lesão - a Lesão por Esforços Repetitivos. Na realidade, são
atividades feitas de forma sistemática e repetitiva que levam a isso.
Então a proposta dessa Semana é a de fazer uma
ampla discussão. E aqui na Câmara Municipal nós teremos a oportunidade de
receber inúmeros painelistas que farão a abordagem sobre esse tema. Serão
inúmeros profissionais, nós teremos aqui um Médico do Trabalho, um Engenheiro,
um Ergonomista, um Professor de Educação Física, Psicólogos, Fisioterapeutas,
Assistentes Sociais, Sociólogos do trabalho; teremos também a presença da
Delegacia Regional do Trabalho, a participação de várias centrais sindicais,
como a CUT, a Força Sindical, a participação de inúmeros sindicatos, a
participação de empresas, uma participação especial do maior parceiro dessa
Semana, que é o SESI, que desde o ano passado vem colaborando de maneira
decisiva para a realização do evento.
Nós queremos sair daqui, ao final desses três
dias de discussão, com um documento para fazer com que cada vez mais as
entidades de trabalho, inclusive a própria Câmara, possam ter essa noção e a
conscientização da importância da ginástica laboral dentro dos seus quadros,
para mostrar que dez a quinze minutos por dia, ou pelo menos três vezes por
semana, podem ser um fator decisivo entre a qualidade de vida ou fazer com que
esses funcionários possam ter lesões, as quais, muitas vezes, custam a ter um
diagnóstico e, muitas vezes, funcionários possuem a LER e são malvistos pelos
seus empregadores, que dizem que esses funcionários não querem trabalhar. E, na
realidade, o que se constata é que esses funcionários estão, sim, doentes,
estão com limitações no ambiente de trabalho.
Nesses dias teremos, então, essa participação,
inclusive com a presença do Ministério Público, do Ministério do Trabalho, do
Ministério da Previdência Social, da Secretaria Estadual da Saúde, da
Secretaria Municipal de Saúde e do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador.
Então esperamos, dentro da maior amplitude desse Programa, poder fazer com que
a Câmara Municipal de Porto Alegre leve todas as informações às empresas do
Município, ao maior número possível de profissionais que atuam nessa área.
Quero também fazer um registro especial: hoje de
manhã tivemos a oportunidade de participar de um evento com a Deputada Denise
Frossard, Deputada Federal do Partido Popular Socialista do Rio de Janeiro, que
veio falar aqui em Porto Alegre sobre a questão da Segurança Pública. Tivemos
essa participação no Plenarinho da Assembléia Legislativa, que estava lotada,
quando a Deputada e Juíza Denise Frossard colocou a sua visão e o que ela
entende dessa questão de Segurança Pública.
Ao mesmo tempo, nós queremos parabenizar o Partido
Popular Socialista por ter oportunizado esse debate,
porque, na realidade, isso cria um conceito para a formação de políticas
públicas. Participaram também a Ajuris, através do Dr. Luciano; o Ministério
Público, com o Dr. Carlos Otaviano e o Consepro, com o Sr. Jovino. Cada vez
mais o que se busca é fazer com que essa interação entre Segurança Pública e
sociedade possa encontrar elementos para uma ampliação, já que hoje a Saúde e a
Educação, que sempre foram os temas prioritários, por incrível que pareça,
hoje, o tema central de todas as discussões no nosso País é a respeito da
Segurança Pública.
Nós tivemos a
oportunidade de fazer uma rápida exposição e algumas críticas relativas ao
sistema prisional do nosso País. Sabemos que 70% dos presos do nosso País,
quando são libertados, acabam retornando para os presídios porque cometem
novamente pequenos delitos ou, dependendo, grandes delitos, mas a grande
realidade é que o sistema prisional do País não colabora para a formação e uma
integração dessas pessoas dentro da sociedade.
Tive a oportunidade
de colocar um episódio que nós tivemos, uma participação no ano de 2001, quando
o então Governador Olívio Dutra queria acabar com as escolas dentro do presídio
do Rio Grande do Sul, e nós, como atuamos na área da Educação, tivemos uma
presença maciça naquele segmento e conseguimos manter a escola do presídio.
Mas, naquela oportunidade, um depoimento de um preso me fez refletir muito. Um
preso me colocou que, quando ele entrou no presídio, na primeira visita da sua
esposa, ela disse para ele que a família, que os seus filhos, estavam passando
fome, e o preso, depois comentando isso com os seus colegas de cárcere, um dos
presos disse: “Não, me dá o nome e o endereço”. Na próxima visita da esposa,
ela disse que tinha chegado alimento.
Na realidade, o que
nós queremos mostrar, é que as organizações sociais se dão dentro
e fora do presídio. Isso mostra por que, cada vez mais, dentro do presídio,
eles conseguem manter essas organizações; na realidade receberam uma voz de comando
para ir ao encontro daquela família e lá colocar o alimento. Sabemos também
que, a partir daquele momento, aquele presidiário fica refém dos seus colegas e
quando estiver em liberdade ele vai ser incitado a praticar novos crimes,
porque tem o compromisso real com aqueles familiares. Aquilo, na época, me fez
entender por que tem tantos comandos dentro dos presídios. Na realidade nós
temos que criar políticas públicas, primeiro, para tentar inserir esses
presidiários de forma concreta através de atuação de trabalho, porque - foi o
que nós presenciamos - essas pessoas estão muito ociosas lá dentro. Segundo,
nós entendemos que esses macropresídios não ajudam em nada na sociabilidade dos
presidiários; pelo contrário, eles vão fazer com que eles possam, cada vez
mais, aprender... A outra coisa que deve ser feita é atacar na origem essas
famílias e ver de que forma isso se dá, porque não adianta cuidar do
presidiário e, ao mesmo tempo, as suas famílias ficarem abandonadas. Ou seja,
vai ser mais um local onde vai ser incentivado o crime.
O Sr. Maurício Dziedricki: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Quero saudá-lo pela iniciativa da
discussão dos problemas da Segurança Pública, principalmente nessa relação que
existe entre os presidiários, aqueles que cumprem regime e que,
necessariamente, precisam ocupar-se com tarefas no dia-a-dia. Eu,
particularmente, sou palestrante do Instituto de Acesso à Justiça, que leva a
Justiça àqueles que mais precisam, que têm menos oportunidades ou menos
condições financeiras.
Uma das matérias que me chamou a atenção, nesse
fim de semana, no caderno “Dinheiro” do jornal Folha de São Paulo, foi que a
indústria paulista disputa essas vagas, por conta do baixo investimento. Há de
se pensar que, para o Rio Grande do Sul, principalmente para esses presídios e
para a vida da família, para a integração que existe entre o presidiário que lá
cumpre pena e com a sua família que está aqui, é uma forma de manter, fora, a
continuidade do trabalho que ele já exerce dentro da cadeia, trazendo e fazendo
valer o conceito de economia familiar.
Eu o queria saudar, e essa é uma das propostas
para nós tratarmos nas nossas Comissões de Direitos Humanos, Segurança do
Trabalho, enfim. É uma discussão que há de ser discutida com propriedade,
porque já existe a procura pelo trabalho daqueles que cumprem pena.
O SR. PROFESSOR GARCIA: Obrigado, Ver.
Maurício. Vereador Braz, só para concluir, pergunta-se também por que as
pessoas não querem dar testemunho quando acontece alguma ocorrência, algum
delito, e a pessoa tem que dar a prova testemunhal. Ora, nós queremos também
lembrar, mais uma vez, que o nosso sistema é um sistema arcaico, ou seja,
coloca-se o marginal ao lado daquela pessoa que sofreu o delito, e começa o
processo da seguinte forma: o digitador pergunta nome, endereço, idade, para o
marginal, que fica, ao mesmo tempo, ouvindo e vendo tudo. Na realidade, isso
faz com que as pessoas não confiem na Justiça. Então, nós temos de criar outros
mecanismos para incentivar as pessoas; incentivar, sim, para que elas possam
denunciar, mas não num sistema que as coloca cara a cara e em que as pessoas
ficam intimidadas, com medo, porque, depois, muitas vezes, a própria Justiça e
a própria Segurança não vão dar esse retorno a elas.
Assim nós queremos, mais uma vez, parabenizar o
PPS por essa iniciativa de ter trazido, nesta manhã, a Juíza e Deputada Federal
Denise Frossard. Muito obrigado, Ver. Braz.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Luiz Braz): O Ver. Dr. Goulart está com a palavra em Grande
Expediente. (Pausa.) Ausente.
Encerramos o período de Grande Expediente e
passamos às
O Ver. José Ismael Heinen está com a palavra em
Comunicações, por transposição de tempo com o Ver. Ibsen Pinheiro.
O SR. JOSÉ
ISMAEL HEINEN: Exmo Sr. Presidente dos trabalhos, Ver. Luiz
Braz, nobres colegas Vereadoras, Vereadores, população de Porto Alegre que nos
assiste pela TVCâmara, estamos no início de uma nova gestão na nossa Câmara
Legislativa, no início dos debates. Neste final de semana, olhando as páginas
dos jornais de Porto Alegre, precisamente o jornal Zero Hora, na parte dos
imóveis, na página três, constatamos que havia uma pesquisa habitacional, em
que o Professor da Escola Politana da Universidade de São Paulo, o Eng.º Luis
Silva Reinaldo de Azevedo Cardoso, nos traz importantes afirmações,
precisamente daquilo que nós, ao percorrermos a nossa Cidade, já sentíamos há
um ano, tanto é que encaminhamos um Projeto para eliminarmos o déficit
habitacional, que foi aprovado por esta Casa, por unanimidade, e sancionado
pelo Prefeito; refiro-me à Lei nº 9.939, que dispõe sobre habitação para os que
têm renda de um a três salários mínimos. E o jornal Zero Hora, com destaque, no
seu Caderno de Imóveis, coloca, explicitamente, que o déficit habitacional pode
ser estimado em sete milhões de unidades, sendo cinco milhões e 400 mil em
unidades urbanas, e, desse total, 80% são precisamente para os que recebem de
um a três salários mínimos, que conferem intactum
com o Projeto que nós apresentamos nesta Casa, que também é para a população
que recebe de um a três salários mínimos. E diz ele ainda que há mais 12
milhões de domicílios considerados inadequados por adensamento excessivo,
inadequação fundiária, que é um problema que nós temos que enfrentar em Porto
Alegre, carência de infra-estrutura e falta de banheiros, inclusive. Quer
dizer, são mais 12 milhões que certamente estão abaixo dessa renda de três
salários mínimos. Somos felizes, neste momento, porque convictamente a
Prefeitura de Porto Alegre e esta Casa enfrentaram este problema um ano antes
dessa pesquisa, convivendo e vendo, ao vivo, os problemas da população carente
de Porto Alegre. Ele fala também do Programa Federal de Incentivo à Casa
Própria, mas ele afirma que este Programa é insuficiente para atender a essa
carência habitacional, essa carência fundiária, essa carência de
infra-estrutura, enfim, essa carência de dignidade no que se refere à habitação
para o nosso povo, e diz que esse Projeto só poderá ter sucesso se ele tiver o
apoio ou a simbiose do Estado e, principalmente, também do Município. Então, o
nosso Prefeito está de parabéns, nós estamos de parabéns, porque nós já temos a
Lei correspondente a tudo o que o Dr. Luiz Reinaldo Azevedo de Cardoso afirmou,
colocando o seu estudo à disposição do jornal Zero Hora dominical.
O que nos falta daqui para frente? Nós
constatamos as necessidades, legislamos, temos as leis, falta-nos, agora, a
vontade política de satisfazermos essa necessidade imperiosa, essa necessidade
emotiva de amparo àqueles que necessitam de uma casa para morar, defendendo a
sua auto-estima e propiciando-lhes que possam abrigar as suas famílias, dando
um destino condizente às pessoas humanas sob o seu abrigo.
Antevendo essa necessidade, estamos encaminhando
hoje um pedido no sentido de constituirmos uma comissão especial para
realizarmos os estudos necessários, conjuntamente com as forças vivas - com a
CUTHAB, com os nobres companheiros, com o Ministério Público, com o Estado, com
o Município, com a Federação -, para que possamos executar imperiosamente,
rapidamente, esse Projeto tão necessário para a nossa Cidade, para que não
chegue, um dia, a ter uma favela como a Rocinha, que se expande morro acima,
invadindo as suas florestas, onde o Poder Público já não é mais Poder Público,
pois lá quem manda são as quadrilhas do narcotráfico.
Então, eu peço uma atenção toda especial aos
nobres colegas, à Administração, ao nosso Prefeito, que já sinalizou, aprovando
33 milhões para a infra-estrutura e a aprovação dessa Lei em benefício dos que
recebem até três salários mínimos. Muito obrigado, Sr. Presidente.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PROFESSOR
GARCIA (Requerimento): Nós gostaríamos de solicitar um minuto de
silêncio em homenagem póstuma a Eduardo Wortmann, que faleceu no sábado e foi
enterrado ontem. Eduardo Wortmann foi representante comercial, esposo de Iara
Wortmann, ex-Deputada e ex-Secretária, irmão dos grandes jogadores Ivo e Bido.
Então, solicito um minuto de silêncio, por gentileza.
O SR.
PRESIDENTE (Luiz Braz): Deferimos o pedido.
(Faz-se um minuto de silêncio.)
O SR.
PRESIDENTE (Luiz Braz): O Ver. Ibsen Pinheiro está com a palavra em
Comunicações.
O SR. IBSEN
PINHEIRO: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, algumas críticas
apressadas identificaram em decisões do Ministro Nelson Jobim um viés
político-partidário, só porque S. Exa. teve uma anterior atuação
político-partidária. E passaram a ver nas suas decisões coincidências com
interesses do Governo, como poderia haver também coincidência com interesses
oposicionistas. E deixaram de perceber, esses críticos apressados, que a
definição de questões dessa relevância coincidem com alguns interesses e
contrariam outros interesses, sem que isso signifique a partidarização da
decisão política.
E outros, ainda, igualmente apressados,
entenderam de questionar a forma de composição do Supremo Tribunal Federal, e
aí, além de uma injustiça pessoal, cometeram um gravíssimo erro institucional.
E agora se percebe na atuação do Supremo Tribunal Federal o episódio do
nepotismo e do prestigiamento do Conselho Nacional de Justiça, que esse é o
Supremo Tribunal Federal, acima de interesses, sejam os do Governo, sejam os da
oposição, sejam os da corporação.
Ouvi e li opiniões de muitos apóstolos da
profissionalização do Supremo, através da designação de magistrados de
carreira. Ora, o Supremo não integra a carreira da magistratura, o Supremo é um
Poder político do Estado, no nível da Presidência da República e do Congresso
Nacional e tem origem direta na vontade popular, ou indireta, através da
dedicação do Presidente da República e da aprovação dos Estados através do
Senado Federal. E não através do concurso público, que é respeitável, sim, mas
não se destina à composição do Tribunal mais alto da República, e que teve em Nelson
Jobim uma vocação raríssima de espírito público, ao mesmo tempo preparado
intelectualmente com vocação e talento. Essas três vertentes que existem na
vida pública raramente andam juntas; capacidade de trabalho, talento político
ou formação cultural, só mesmo na definição de um quadro excepcional como é o
do Ministro Nelson Jobim.
E agora, a última decisão do Supremo Tribunal
Federal, devido em grande parte à atuação do seu Presidente, que é também
Presidente do Conselho Nacional de Justiça, identifica sua trajetória, uma vez
mais, como interesse público. Por isso é de justiça registrar, nesta modesta
tribuna - tribuna da terra gaúcha do Ministro Nelson Jobim -, a solidariedade
que se impõe, e muito mais do que a solidariedade que, às vezes, pode ter um
motivo pessoal - no meu caso é o humano, o da admiração -, tem, sobretudo, o
crivo da Justiça que se faz a esse eminente homem público, e, por sorte, se
sepulta também a reivindicação corporativa de transformar o Supremo em uma
espécie de sindicato ou de conselho superior de uma corporação. Os interesses
corporativos são perfeitamente respeitáveis, mas não são eles que devem
administrar um órgão da soberania política de Estado, que é o Supremo Tribunal
Federal.
Está, pois, perfeitamente caracterizada a função
institucional do excelso pretório e a qualidade da sua invariável conduta.
Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Obrigado,
Vereador. Boa-tarde, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras.
A Verª Sofia Cavedon está com a
palavra em Comunicações, por cedência de tempo da Verª Maria Celeste.
A SRA.
SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e
Sras Vereadoras, gostaria de deixar registrado, neste período de
Comunicações, um início de ano ímpar para o nosso País.
São grandes novidades que, na
minha avaliação, mexem estruturalmente no sistema de educação brasileiro, e
mexem positivamente em políticas que investem, a médio prazo, na inclusão
social, na inclusão de todos os alunos, mas, principalmente, na perseverança e
na conclusão, com sucesso, do ensino fundamental e médio.
Nós iniciamos um ano letivo - a
maioria dos Estados e Municípios que adotaram, já estão comprometidos com este
debate há mais de 10 anos - que deverá ter nove anos de ensino fundamental, e
não mais oito anos.
No nosso País, isso significa um
aporte de recursos para investimentos na Educação muito importante e diferente
de todo o aporte de recursos de mais de décadas. Significa mais tempo na
escola, significa crianças acolhidas com maior antecedência, mas acolhidas com
uma preocupação de proposta pedagógica adequada, de espaço pedagógico adequado,
de formação de professores.
Porto Alegre, com o ciclo de
formação, já em 1995, entendendo que precisávamos superar a segmentação da
escola pública em séries, ou seja, as rupturas; todo o ano aquela ruptura, a
partir de um nível de conhecimento que deveria ser dado pelo aluno, a ruptura
no processo continuado de aprendizagem e desenvolvimento das nossas crianças.
Uma ruptura que era brutal na primeira série, aos 7 anos, na alfabetização,
onde estão localizados os maiores índices de reprovação. Exatamente quando
aquela criança inicia a sua caminhada na escola, ela tem a sua primeira
derrota, o primeiro fracasso, a primeira etiqueta, em cima de concepções
erradas, antiquadas de educação; concepção errada e antiquada de alfabetização.
E, neste momento, está
em debate a partir do debate dos nove anos, da inclusão dos seis anos, um ano antes
da famigerada primeira série. Portanto, uma ampliação do tempo de
alfabetização, no meu entendimento, no entendimento da maioria dos educadores
progressistas e das leis deste País, da regulamentação feita pelo Conselho
Nacional de Educação, pelos Conselhos Estadual e Municipal de Educação, se diz
que este será um ano de construção da alfabetização, garantindo a todas as
crianças o que era privilégio dos filhos das classes média e alta. Então, é o
primeiro ano de uma lei que espero que seja uma lei que comprometa quem ainda
não percebeu a necessária mudança, como o nosso Secretário Estadual de
Educação, que infelizmente jogou para 2007 o início da aplicação dessa Lei.
O Sr. Claudio Sebenelo: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento da oradora.) Eu a escuto com extrema atenção pela
importância do seu pronunciamento, mas tenho uma pergunta a fazer. Qual a base
neurológica, neurofisiológica e de maturidade mental neuropsiquiátrica no
sentido de prover um dos maiores problemas da criança atual que é a
superinformação? O processo de alfabetização - não por uma questão reacionária
e muito menos por uma questão de postura da direita ou da esquerda - traria
quais conseqüências nessa invasão da área da escola infantil?
A SRA. SOFIA CAVEDON: Não é uma
invasão, Ver. Sebenelo, a gente deveria compreender que nós temos uma
obrigatoriedade de oito anos. Isso significa que pais e professores tinham, até
a Lei, a responsabilidade de garantir que a criança estivesse na escola oito
anos, a partir dos sete anos, no Ensino Fundamental.
Hoje, com essa nova Lei nós temos de ter espaço
na escola para as crianças a partir dos seis anos. Então são recursos,
obrigações, organização de sistema de ensino, ampliando um ano a escolarização.
Considerando, sim, os níveis de desenvolvimento mental, afetivo, todos os
níveis, o momento que a criança dos seis anos vive. Por que no Ensino
Fundamental? Para, exatamente, não roubar, invadir a pré-escola, porque a
pré-escola já tinha esse sentido de processo de alfabetização. A alfabetização,
primeiro, tem toda uma aproximação com o mundo escrito, com o sentido da
escrita, que as nossas crianças não tinham o direito de ter esse espaço, e as
crianças, infelizmente, das classes mais pobres, têm pouquíssimo contato com o
mundo escrito, com o livro, com o bilhete, com, nem se fala, computadores,
bibliotecas, como têm os filhos da classe média. A construção desse sentido é a
primeira construção que a criança faz, e faz muito antes dos seis anos, Ver.
Sebenelo, faz com três, com quatro anos, com dois anos. Há crianças brincando
com livrinhos, com o mundo escrito, e quando chegam aos sete anos, estão
curiosas, querem saber a simples tradução do código que, para elas, já tem um
grande sentido.
Então, ampliar esse tempo com esse sentido, mas,
fundamentalmente, com a obrigatoriedade de se oferecer a todas as crianças,
porque a pré-escola era facultativa - se desse, oferecíamos -, tínhamos muito
menos vagas do que necessitávamos, especialmente para a periferia, para as
classes que precisam da escola pública. Já todos os alunos da escola privada
estavam aos seis anos no jardim da infância. Então a obrigatoriedade é que é o
grande ganho, ampliando, sim, um conceito de alfabetização, claro, ao lado de
toda essa transformação da escola que tenta garantir o sucesso, a permanência,
a progressividade dos alunos, superando a reprovação e a evasão. Muito
obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): O Ver. Mario
Fraga está com a palavra em Comunicações.
O SR. MARIO FRAGA: Sr. Presidente,
Ver. Dr. Goulart, que representa a nossa Bancada na Casa; Srs. Vereadores, Sras
Vereadoras; meus companheiros de Bancada, Verª Neuza Canabarro, Ver. Ervino
Besson, Ver. Márcio Bins Ely, aproveito, neste tempo de Comunicações, para
fazer algumas referências, em especial ao nosso Projeto que trata do
cooperativismo, que era uma das minhas prioridades no fim do ano passado. Foram
feitas reuniões de Liderança e de Mesa, e eu havia elencado como prioridade o
Projeto de Cooperativismo. Mas feito um acordo entre os demais Vereadores, com
alguns pedidos de cooperativas que atuam na nossa Cidade, e também em reunião
com o Ver. Márcio Bins Ely, Ver. Ervino Besson, que trata do assunto, Ver.
Ismael, Ver. Carlos Comassetto, que também tem uma grande atuação na área do
cooperativismo, nós resolvemos deixar este Projeto para ser discutido e
aprimorado este ano. Então, o Projeto está na Pauta, mas nós não temos a
intenção de votá-lo e sim de aperfeiçoá-lo. Estamos esperando as cooperativas,
que no fim do ano passado estiveram conosco nesta Casa, que venham ao nosso
gabinete ou que tratem do assunto numa Comissão da Casa - poderia ser na
Comissão de Urbanismo e Habitação, presidida hoje pelo Ver. Elói Guimarães.
Queria dizer, Sr. Presidente, Dr. Goulart, V.
Exª que tem uma grande tradição no Carnaval, tendo sido inclusive autor de
música de carnaval, já que estamos entrando na semana do carnaval e, para nossa
satisfação, em especial para mim, que sou Vice-Líder do Governo na Casa, nós
não tivemos aquelas brigas antigas com associações carnavalescas, com escolas
de samba, com os blocos, com as tribos. Hoje, o nosso carnaval - felizmente
para todos nós - tem a grande chance de se tornar um dos melhores carnavais.
Eu quero parabenizar o Secretário Sergius
Gonzaga, a Ana Fagundes, da Secretaria de Cultura, que não são do nosso
Partido, Dr. Goulart, mas que estão levando esse trabalho à frente. A gente
sabe, quando trata com as comunidades, das diversas dificuldades das tribos e
das escolas de samba. E quando eles conseguem chegar em dia com tudo sob as
mais perfeitas condições, nós ficamos contentes. Por isso, parabenizamos o
Sergius Gonzaga e a sua equipe.
Eu também quero falar aqui do encontro do PDT,
em Capão da Canoa, no qual o nosso sempre Governador Alceu Collares teve uma
recepção maciça - 99% o apoiaram. E é esse o nosso desejo também, em especial
deste Vereador, de que Alceu Collares concorra a Governador, para que possa
haver no nosso Estado uma disputa entre as forças de oposição: um do PT, um do
PMDB, um do PSDB, um do PP e talvez até um do PTB, para que pudéssemos enxergar
as forças que realmente estão no Estado e, depois, no segundo
turno, todos se unissem, nas suas correntes de direita e de esquerda, se assim
for possível dizer.
Por último, Ver. Dib
e Verª Mônica, na semana do carnaval teremos um feriadão, e estamos com um
problema na RS-040 que, para a nossa felicidade, ainda não ocorreu uma tragédia
maior, mas como os ânimos estarão exaltados na véspera do feriado, na
sexta-feira, gostaria que a Verª Mônica, que é a Vice-Líder do Governo aqui
nesta Casa e que tem ligações diretas com o Secretário de Segurança, pedisse
para que estivessem a postos. Na sexta-feira, véspera de feriado, onde
trancarem a RS-040 poderá acontecer - tomara que não aconteça - uma fatalidade
entre os populares de Viamão, que têm suas razões, e a Brigada Militar que tem
razão também de dar segurança e deixar livre o trânsito naquele local.
Então, fica o meu
alerta, principalmente, para a próxima sexta-feira, na RS-040. O Dr. Goulart,
como Presidente desta Casa, também poderia se posicionar, pois seria um bom
motivo para evitarmos uma tragédia maior. Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr.
Goulart): O Ver. Claudio Sebenelo está com a palavra em
Comunicações, por cedência de tempo da Verª Maristela Meneghetti.
O SR. CLAUDIO
SEBENELO: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs.
Vereadores, em Comunicações, queria pedir a atenção do Plenário para um
trabalho magnífico do caderno Quotidiano, da Folha de São Paulo sobre
estatísticas dos jovens brasileiros entre 15 a 24 anos de idade. Vinte e sete
por cento desses jovens não trabalham e não estudam. Só trabalham 25%; só
estudam 38%. Nós criamos aqui no Município a Secretaria da Juventude, Verª
Manuela, e eu chamo a atenção porque eu queria falar sobre Segurança Pública. E Segurança
Pública se faz exatamente com esse estudo aqui. A alternativa de 27% dos jovens
brasileiros, que não trabalham e nem estudam, é optar pelo Estado paralelo - já
que o Estado oficial não conseguiu promover emprego e estudo para eles -, a
única alternativa que eles têm é passar para o Estado paralelo: o Estado da
toxicomania, do tráfico de armas, da criminalidade e, mais do que isso, do
crime-negócio. Esta é a única alternativa de sobrevivência por mais alguns
anos, porque até os 30 anos, se ele aderir ao crime-negócio, ele está morto!
Esta é a tragédia brasileira, este é o retrato do trabalho que terá pela frente
o próximo Presidente da República: uma juventude brasileira entre 15 a 24 anos
de idade, 30% dela sem trabalho e sem emprego! Aí, Verª Mônica Leal, eu
gostaria muito de ver as causas da criminalidade, quantas dessas causas estão
aqui, quantas estão arquivadas nesse estudo fantástico, nesse estudo
inteligente, nesse estudo que mostra e aponta aos governos a profunda
necessidade de reformulação da sociedade em busca de um projeto chamado desenvolvimento.
A questão do desenvolvimento brasileiro está a desafiar os governos. E nós
somos os primeiros a acusarmos todos os governos de não terem desenvolvido este
País com as necessidades decorrentes da demanda de empregos, da demanda
desenvolvimentista, da demanda, inclusive, de necessidades sociais.
Nós
ficamos encantados com o discurso da Verª Sofia Cavedon dando a notícia de que
o ensino brasileiro vai-se voltar para as crianças de seis anos de idade, o que
eu acho discutível. Mas pena que é só agora, ao apagar das luzes do Governo
Lula. Por que não antes? Por que não tomaram essa atitude há três anos? Porque,
há dois anos, criaram o Projeto Primeiro Emprego para o Jovem. E o Primeiro
Emprego para o Jovem gerou, no País inteiro, depois de 750 milhões aplicados,
um emprego no País: o jovem se chama Milton, mora em Salvador e é garçom. Esse
projeto, esse programa, que se chama Primeiro Emprego, mostra também que,
quando nós chegamos à tribuna e começamos a falar de recursos para a Segurança,
nós temos aqui uma razão muito maior do que todas: entre os nossos jovens, de
15 a 24 anos, que são o nosso futuro, há quase 30% de desemprego, falta de
estudo e desespero. Não há solução outra que não seja através do
desenvolvimento. Agora, o que não podemos conceber é um Governo que manda
embora a Ford - que poderia dar dez mil empregos aqui no Rio Grande do Sul -
vir aqui falar de desemprego, de desenvolvimento, de condições sociais. Nós
precisamos de pleno emprego e bem-estar social; fora disso, não há solução para
o País. E só há uma forma desenvolvimentista, e não é sairmos em busca de
estatísticas falsas, não é um IBGE cobrindo a luz do sol com uma peneira. Nós
precisamos de uma verdade como esta, como a coragem de publicação de um jornal
que traz à luz, que traz à plena nudez a nossa desgraça, a nossa necessidade.
(Mostra jornal.) E então, conscientes desse diagnóstico, temos que sair em
busca, porque, até agora, parece que está tudo bom.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Muito obrigado,
Ver. Sebenelo. A Verª Manuela d’Ávila está com a palavra em Comunicações, por
cedência de tempo do Ver. Raul Carrion.
A SRA. MANUELA D’ÁVILA: Sr. Presidente,
Ver. Dr. Goulart; Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, na sexta-feira,
bastante cedo, nem havia raiado o sol ainda, eu e o Ver. Dr. Goulart, naquela
ocasião Prefeito desta Cidade, estivemos juntos averiguando algumas situações
com relação à Saúde Pública no nosso Município, Ver. Sebenelo. Nós estivemos,
mais uma vez - porque eu já havia estado na quinta-feira, como relatei aqui -,
no PAM 3, Posto da Vila Cruzeiro, averiguando as instalações daquele Posto, as
situações de atendimento à população daquela região e de muitas regiões que
procuram atendimento no PAM 3. Nós tivemos mais algumas surpresas, mais alguns
choques, mais algumas tragédias, na nossa visão, e acho que contribuímos para o
avanço da Secretaria Municipal de Saúde, quando trazemos estas denúncias a esta
Câmara, porque este, afinal, é também o nosso papel: fiscalizar as realizações,
ou as não-realizações, e as faltas que a nossa Prefeitura, que o Governo do
Município comete para podermos inverter essa lógica e conseguirmos o que, por
fim, todos queremos de uma maneira ou de outra, que é que a população da nossa
Cidade tenha acesso à saúde, à educação, ao que lhe é de direito, porque ela
contribui sistematicamente por meio dos seus impostos.
Nós vimos logo ao chegar, com o nosso Prefeito,
Dr. Goulart, que havia um homem embriagado, largado ao chão, e ninguém, nenhum
funcionário sequer, Ver. Todeschini, daquele Posto, deu qualquer atendimento
àquele homem; nem sabiam se ele estava vivo ou morto, as pessoas nem sabiam,
nem haviam olhado, observado, tentado conversar e nem remover - que podiam ser
os dois procedimentos corretos. Quem teve de fazer o atendimento para aquela
pessoa foi o Ver. Dr. Goulart.
Para a nossa surpresa, Verª Mônica Leal, a
pessoa que mais entendia sobre o PAM 3 não era nenhum funcionário do setor de
consultas - porque, afinal de contas, nem estavam presentes no seu horário de
trabalho -, mas sim o Guarda Municipal. O Guarda Municipal era a pessoa que
sabia o número de consultas que havia à disposição da população; era a pessoa
que dizia para essa população que ela não seria atendida; que mediava os
conflitos gerados pela falta de atendimento naquele Posto, e que ainda tinha de
desempenhar o seu papel de fazer, ou tentar fazer, minimamente, a segurança
daquele local.
Esse mesmo Guarda, Ver. João Dib, era a pessoa
que tinha de segurar pelos braços uma jovem - mais jovem do que eu -, que
começou a chutar tudo o que via pela frente, pelo desespero de não ter à vista
a mínima possibilidade de uma consulta médica no PAM 3.
Esse mesmo Guarda foi a pessoa que presenciou o
desacato pelos funcionários públicos daquele Posto ao Prefeito em exercício
desta Cidade, uma vez que, para marcar as consultas, como não existem muitas à
disposição mesmo, os funcionários fazem um revezamento, e apenas um dos três
que deveriam estar presentes estava presente. E quando o nosso Prefeito em
exercício foi solicitar que se tomasse a medida administrativa
cabível, uma vez que ele chefiava o setor, esse parou com essas palavras - que
me corrijam depois -: que o Prefeito fosse cuidar do seu trabalho, porque ele
não ia fazer porcaria nenhuma, não ia notificar ninguém. Isso ao Prefeito,
imaginem ao cidadão que vai lá buscar, procurar um auxílio, que não é um
auxílio qualquer, não é a folha de material escolar que falta, mas é,
inclusive, a sua possibilidade de continuar existindo, uma vez que, quando se
procura um serviço de saúde, se pressupõe que essa pessoa não está em plenas
condições.
Por isso nós vamos
voltar quantas vezes sejam necessárias a esta tribuna para denunciar as
questões relativas à Saúde do nosso Município e propor alternativas.
Hoje, estranhamente,
apareceu no Diário Oficial do nosso Município uma notícia dizendo que pela
primeira vez na história o Programa de Saúde da Família, cada um, conta com um
médico. Nós parabenizamos a Prefeitura por isso. Já parabenizamos, desta
tribuna, pela contratação dos 128 novos médicos, mas nós sabemos que 82 equipes
de PSF não é um número que baste para a cidade de Porto Alegre, porque, se
bastasse, nós teríamos a fila diminuída no Posto de Saúde, porque essas pessoas
teriam um atendimento cotidiano, e nós estaríamos num outro patamar de Saúde
Pública no nosso Município.
Por isso gostaria de
agradecer ao Ver. Dr. Goulart, que, apesar de determinadas pressões para que
não estivesse presente, para que não fotografasse, para que não atendesse as
pessoas, fez jus às suas palavras pronunciadas quando tomou posse, dizendo que
seria, por aqueles quatro dias, ao menos, o Prefeito que cuidaria da Saúde.
Nós tivemos,
Presidente, em dois dias, na quinta e na sexta-feira, dois médicos como
Prefeitos desta Cidade, e esses dois, por mais esforços que tenham feito nesse
diminuto tempo, não conseguiram, é evidente, suprimir os problemas. Mas nós
somos parceiros e sabemos que, se depender da nossa luta, alcançaremos uma
Saúde Pública de qualidade para essa população. Porque essa menina que chutou
todos que viu pela frente, Ver. Sebenelo, é a mesma menina que não tem emprego.
Agora, se não tiver Saúde, não adianta nós abrirmos 100 mil vagas no ProJovem
em Porto Alegre, 100 mil vagas de Primeiro Emprego, porque às 6h40min da manhã
de sexta-feira ela estava desesperada, porque não havia conseguido, sequer, uma
consulta médica para a sua mãe.
O desespero dessa
gente é grande. Acho que o papel de todos nós aqui é começarmos a olhar um
pouco mais no dia-a-dia mesmo, no local, menos nos jornais, porque os jornais
refletem quando a situação já está num patamar inadmissível, e mais na vida real.
Muito obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Obrigado, Verª
Manuela.
Eu queria acusar a presença do Presidente do PDT
de Caçapava, o ex-Vereador João, aqui presente, a quem peço uma salva de palmas
dos nossos Parlamentares. (Palmas.)
A Verª Neuza Canabarro, nossa Doutora em
Educação, está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
A SRA. NEUZA CANABARRO: Exmo
Sr. Vereador Dr. Goulart, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores,
senhores e senhoras que acompanham a Sessão desta tarde, desde a semana passada
tenho procurado um espaço para falar sobre o ingresso da criança aos seis anos
de idade na escola.
Eu diria, Verª Sofia Cavedon, que nós chegamos a
esta Câmara por diferentes Partidos, mas, no momento em que assumimos, em
relação a todo e qualquer problema da população, a nossa bandeira é uma só,
principalmente quando se fala em Educação: todos nós aqui temos interesse em
ter o melhor para a nossa criança.
Ver. Dr. Goulart, nós sabemos, com 30 anos de
magistério, da evolução que as nossas crianças tiveram no seu desenvolvimento:
hoje uma criança tem informações que nós não tínhamos. Quando a televisão
apareceu na minha terra eu já tinha 13, 14 anos; só aí chegamos a determinados
conhecimentos. Hoje uma criança de dois anos consegue manipular os eletrônicos
- o som, a televisão, o CD, o DVD - com a maior facilidade. Então, nada mais
correto que se esteja atento a essa evolução.
Nós sabemos que as crianças têm um
desenvolvimento. Piaget dizia que aos sete anos a criança estava completa,
estava formada, estava pronta para iniciar o processo de alfabetização. Ao
observarmos crianças da mesma idade - quatro, cinco anos -, nós sabemos que,
dessas crianças, umas têm o desenvolvimento motor já mais adiantado - andam em
bicicleta de duas rodas, fazem volta, nadam e tal -; outras, a parte cognitiva,
ou motricidade fina - são diferentes. Mas aos sete anos essa criança está apta.
Só que, com toda a evolução tecnológica, as nossas crianças realmente têm
condições de ingressar aos seis anos. E eu sou de 30 de outubro, e ingressei
aos seis anos, completei em 30 de outubro seis anos e em março estava na
escola. E eu lembro que eu tinha um receio daquela palavra que haviam dito lá;
a Diretora disse: ela vai ficar encostada. Encostada quer dizer que não consta
no livro de chamadas e vai ficar ali. Mas em junho já estava lendo, e, naquela
época, era permitido que a criança fosse alfabetizada em casa com cinco anos e
entrasse com seis na escola, porque estava alfabetizada, já na 2ª série.
Então, essa condição é um grande avanço, a de
podermos colocar as crianças aos seis anos de idade na escola, porque o filho
do rico, o filho da classe média já está em escolas que alfabetizam no
pré-escolar. Ele já vai conseguindo avançar.
E eu dizia, Ver. Dib, que há uns 20 anos eu
dizia o seguinte, quando me perguntavam: “Coloca-se uma criança antes dos sete
anos na escola?”: só vais dar ao teu filho um ano antes a responsabilidade de
optar por uma profissão. Quando ele terminar, quando ele concluir aos 21, 22
anos um curso superior, tu dirás: agora, meu filhinho, eu vou te dar um ano que
eu te tirei na infância, e tu vais brincar. Mas hoje eu mudei! Por quê? Porque
realmente estou convencida de que há o prejuízo das classes populares, que são
aquelas que vão freqüentar a escola pública. Então, com certeza, a nossa
criança pode entrar aos seis anos.
Rapidamente, em relação à colocação do Ver.
Ibsen Pinheiro, eu diria o seguinte: que o Presidente do Supremo, Nelson Jobim,
que é gaúcho, é uma decepção. Se um pobre tivesse roubado o sino da UFRGS,
seria preso. Se qualquer outro Deputado confessasse que havia incluído artigos
que não tinham sido aprovados, levariam processo. E hoje nós sabemos que o
Nelson Jobim no Supremo tem feito o quê? Ele está cerceando o trabalho da CPI,
quando impede a abertura do sigilo bancário. Há muitas e muitas coincidências.
Ver. Dib, com todo o respeito que o senhor merece, eu lhe diria: o PMDB está
enganado, ele está aí para ser vice do Governo Lula, e o nosso Governador
Rigotto, que é candidato, e Garotinho vão bailar na curva.
(Não revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Obrigado, Verª
Neuza Canabarro. Passamos à
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
(05 oradores/05 minutos/com aparte)
1.ª SESSÃO
PROC.
N. 0942/04 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO N. 002/04, de autoria do
Ver. Cláudio Sebenelo, que proíbe, nos órgãos ou entidades da Administração
Pública e concessionárias ou permissionárias de serviços públicos, o desconto
em folha de pagamento em favor de agremiação partidária.
PROC.
N. 1494/05 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO N. 073/05, de autoria do
Ver. Aldacir Oliboni, que dispõe sobre a obrigatoriedade de colocação de bóias
de advertência nas redes de pesca produzidas, comercializadas ou utilizadas, no
Município de Porto Alegre.
PROC.
N. 4768/05 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO N. 036/05, de autoria do
Ver. Aldacir
Oliboni, que autoriza o Executivo Municipal a instituir o Conselho Municipal do
Artesanato, criar Comissão Provisória destinada a organizar a 1ª Conferência
Municipal do Artesanato e dá outras providências. Com Emenda n. 01. Com
Substitutivo n. 01.
PROC.
N. 6771/05 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 310/05, de autoria do
Ver. Alex
da Banca, que permite o tráfego de táxis nos corredores de ônibus com a
finalidade de prestar socorro à população em casos de emergência.
PROC.
N. 7004/05 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 316/05, de autoria do
Ver. Elói
Guimarães, que institui a Caminhada da Bandeira, a ser realizada concomitante
com as comemorações oficiais do Dia da Bandeira, que passa a integrar o
Calendário de Eventos Oficiais de Porto Alegre.
PROC.
N. 7014/05 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 318/05, de autoria do
Ver. Maurício
Dziedricki, que dispõe sobre a criação da linha de ônibus inter-hospitais. Com
Emenda n. 01.
PROC. 7059/05 – PROJETO
DE RESOLUÇÃO N. 153/05,
de autoria do Ver. Nereu D'Avila, que concede o título honorífico de Líder
Esportivo ao Senhor Fernando Chagas Carvalho Neto.
PROC.
N. 7150/05 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 324/05, de autoria do
Ver. José
Ismael Heinen, que inclui o Campeonato “Taça Farroupilha de Bocha”, realizado
pelo Clube Independente, a cada quatro anos, na programação oficial da Semana
Farroupilha.
PROC.
N. 7151/05 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 325/05, de autoria do
Ver. José
Ismael Heinen, que institui a Semana de Conscientização de Utilização da Faixa
de Segurança, que será realizada, anualmente, na 1ª semana de março.
PROC. 7182/05 – PROJETO
DE RESOLUÇÃO N. 156/05,
de autoria do Ver. José Ismael Heinen, que denomina Soldado Expedicionário
Arthur Lourenço Stark o acesso de veículos à Câmara Municipal de Porto Alegre.
PROC.
N. 7230/05 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO N. 014/05, que dispõe sobre a aprovação e
licenciamento de projetos para habitações de interesse social referente aos
programas que venham a atender a demanda habitacional prioritária (DHP)
conforme dispõe o § 3º do art. 22 da Lei Complementar n. 434/99 e a Lei
Complementar n. 284/92.
PROC.
N. 7232/05 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO N. 015/05, que dispõe sobre o parcelamento do solo
sob a forma de loteamento para atender ao Programa de Arrendamento Residencial
– PAR da Caixa Econômica Federal, ao Programa Habitacional de acordo com a
Resolução 460 do FGTS, ambos da Caixa Econômica Federal e outros programas
oficiais que venham a atender a Demanda Habitacional Prioritária (DHP) em
conformidade com o § 3º do art. 22 da Lei Complementar n. 434/99 e dá outras
providências.
PROC.
0018/06 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N. 015/06, de autoria do Ver. Carlos
Comassetto, que concede o Prêmio de Jornalismo Carmem da Silva à Radialista
Beatriz Fagundes.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. JOÃO ANTONIO
DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras
Vereadoras, hoje é o primeiro dia de Pauta nesta Sessão Legislativa. Nós temos
onze Projetos dos Vereadores e dois do Executivo. Eu até acho que gostaria de
repetir o Senador Álvaro Dias: “Chega de legislação, vamos passar à ação”. De
qualquer forma, nós precisamos analisar os Projetos.
Um Partido é idéia,
programação e disciplina; um grupo de pessoas se reúne em torno dessa idéia e,
com disciplina, com ação, busca a realização do bem comum no sentido de atender
à sua coletividade. Essa busca da realização do bem comum se faz através da
busca do poder.
Se um Partido tem
disciplina... Ninguém é obrigado a filiar-se ao Partido, mas no momento em que
se filia, ele deve fazer uma contribuição para o seu Partido. O Projeto de Lei
em Pauta proíbe, nos órgãos ou entidades da Administração Pública e
concessionárias ou permissionárias de serviços públicos, o desconto do
pagamento em favor da agremiação partidária. Ninguém, se não autorizar, será
descontado. Então eu acho que é uma maneira de facilitar a vida dos Partidos,
para que eles não precisem ter caixa-dois, nem coisa nenhuma, e façam tudo
direitinho, tudo certinho.
O Ver. Aldacir
Oliboni dispõe sobre a obrigatoriedade de colocação de bóias de advertência nas
redes de pescas produzidas, comercializadas ou utilizadas no Município de Porto
Alegre. Eu não sei se aqui há uma fábrica de rede de pescas, e o Vereador mesmo
diz (Lê.): “De qualquer modo, não há como manter estrutura capaz de fiscalizar
o litoral gaúcho, proporcionando segurança à prática dos esportes aquáticos e,
do mesmo modo, assegurando aos profissionais da pesca o exercício de sua
atividade econômica sem danos ao equipamento, em regra, caro. Diante dessa
preocupante realidade e atentos aos riscos que a prática desportiva do surfe
enfrenta pela proximidade com a atividade pesqueira, fomos buscar um meio
alternativo, mas eficiente, de contribuir para a maior segurança dos
desportistas”.
Eu não vejo como os desportistas lá no
Litoral possam ser protegidos com a fabricação de redes em Porto Alegre, pois
aquelas redes são feitas pelos pescadores. Mas, de qualquer forma, é como dizia
o Senador: “Chega de legislação, vamos à ação”.
O Alex da Banca, Vereador por poucos dias aqui,
quer permitir o tráfego de táxis nos corredores de ônibus com a finalidade de
prestar socorro à população em caso de emergência. Em caso de emergência os
taxistas têm agido com muito bom senso e com muita responsabilidade; eu acho
que não cabe esse tipo de lei.
Por outro lado, o Executivo Municipal apresenta
dois Projetos de Lei: um que “dispõe sobre a aprovação e licenciamento de
projetos para habitações de interesse social referente aos programas que venham
a atender a demanda habitacional prioritária, conforme dispõe o parágrafo 3º do
art. 22 da Lei Complementar nº 434/99 e a Lei Complementar nº 284/92”. A Lei
Complementar nº 434/99 é o Plano Diretor, e ele está dando aqui condições para
que habitações possam ser realizadas com menos exigências, com mais facilidade.
Mas eu gostaria que o Executivo mandasse mesmo a revisão do Plano Diretor, que
está por vir para esta Casa desde 2002.
Há outra que “dispõe sobre o
parcelamento do solo sob a forma de loteamento para atender ao Programa de
Arrendamento Residencial - PAR - da Caixa Econômica Federal, ao Programa
Habitacional de acordo com a Resolução nº 460 do Fundo de Garantia, ambos da
Caixa Econômica Federal, e outros programas oficiais que venham a atender a
demanda habitacional prioritária, em conformidade com o parágrafo 3º do art. 22
da Lei Complementar nº 434/99”, que é o Plano Diretor, como eu disse, e que eu
gostaria de ver revisado. Um dos seus artigos diz que o lote deverá atender uma
área mínima de 75 metros quadrados, que é uma coisa boa para alguém que precisa
fazer uma pequena casa num loteamento, com mais facilidade, inclusive os que
resultarem com frente para os logradouros públicos estabelecidos no anexo 2 da
Lei do Plano Diretor. E o art. 4º diz que a quadra mínima deverá atender aos
parâmetros máximos de 200 metros de face e uma área máxima de 22.500 metros
quadrados.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. IBSEN PINHEIRO (Requerimento): Sr. Presidente,
permita-me interromper os trabalhos, mas é por uma razão relevante e
contristadora, Sr. Presidente. Acabamos de receber a notícia do falecimento do
militante político Carlos Eroni Carus, do quadro político do velho MDB, hoje no
PMDB, e que marcou a sua vida pelo espírito público com que se dedicou à
militância política e também pela qualidade do serviço que prestou como
servidor da Assembléia Legislativa. Cassado pelo regime militar, perdeu o
emprego e o recuperou como primeiro anistiado dentre os servidores da
Assembléia Legislativa. É com sentimento de profundo pesar pessoal também,
porque fui ligado por laços de amizade e companheirismo, que faço esta
comunicação à Casa e peço, Sr. Presidente, que V. Exª determine a prestação de
uma homenagem especial, através de um minuto de silêncio. Obrigado, Sr.
Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Deferido o
pedido.
(Faz-se um minuto de silêncio.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Obrigado,
Senhores e Senhoras. Peço ao Ver. Márcio Bins Ely que me substitua
momentaneamente na Presidência.
O Ver. Claudio Sebenelo está com a palavra para
discutir a Pauta.
(O Ver. Márcio Bins Ely assume a presidência dos
trabalhos.)
O SR. CLAUDIO SEBENELO: Sr. Presidente,
Srs. Vereadores. Não há Vereador mais assíduo a esta tribuna que tenha acusado
o Partido dos Trabalhadores de patrimonialista. Entende-se, em Sociologia, por
patrimonialismo, a confusão entre o Estado sensu lato, e o Partido que
levou à Presidência da República um filiado seu para impor uma ideologia, por
intermédio de um trabalho, mas que satisfaça todos os brasileiros, não
um só, a isso se chama patrimonialismo, essa promiscuidade entre o que é de um
Partido e o que é de um Governo.
A outra coisa que eu queria falar é a
respeito...
(Aparte anti-regimental do Ver. Carlos Comassetto: Ver. Sebenelo, qual é o projeto que está no
período de Pauta? Falar do PT? Qual é o projeto, se nós estamos em Pauta?)
O SR. CLAUDIO SEBENELO: Em primeiro
lugar, Vereador, peça licença para falar, e depois eu lhe concedo, por uma
questão de educação.
O Sr. Carlos Comassetto: (Aparte
anti-regimental.) Não, o Senhor está errado.
O SR. CLAUDIO SEBENELO: O Senhor é que
está errado, o senhor espere um pouco mais.
(Aparte
anti-regimental do Sr. Carlos Comassetto: Não está em Pauta falar do PT,
não há nenhum projeto do PT em Pauta, Sr. Presidente. Qual é o projeto do PT
que está em Pauta?)
O SR. CLAUDIO SEBENELO: Em absoluto,
não aceito isso aí!
O Sr. Carlos Comassetto: Qual é o projeto
do PT que está em Pauta? Não há projeto do PT em Pauta, o Senhor está errado.
O SR. PRESIDENTE (Márcio Bins Ely): Ver. Sebenelo,
peço que V. Exª se atenha aos assuntos da Pauta.
O SR. CLAUDIO SEBENELO: Vereador,
lamentavelmente, a forma truculenta com que o Ver. Comassetto reagiu é
exatamente a forma como o Partido dos Trabalhadores reage, quando se sente
atingido por qualquer coisa. Ele, na sua inteligência e no seu brilho, às
vezes, perde o senso e faz uma coisa dessas que é anti-regimental, porque eu
não dei aparte para ele, o tempo é meu, e peço, Sr. Presidente, que esse tempo
seja reservado para que eu continue falando.
Mas a outra coisa que eu gostaria de falar é
sobre os símbolos, que são talvez hoje o maior motivo de pesquisa no mundo
inteiro por todos os pensadores, e mais do que os símbolos, a aplicação dos
símbolos na sociedade. O meu Projeto pede que não se misture Partido com
instituição, Partido com poder, Partido com a oficialidade, e o símbolo dessa
oficialidade é o meu Projeto, o símbolo dessa promiscuidade é fornecer, por
intermédio do contracheque do Vereador ou do servidor da Casa a contribuição
para o Partido, contribuição essa que não pode passar pela Casa, porque esse é
um serviço prestado pelos bancos, e esse desconto tem que ser feito de forma
direta.
Aí então eu lhe respondo, Ver. Comassetto, pois
é disso que estou falando, estou falando do simbólico... V. Exª que acabou de
“perder a cabeça”, tenho a certeza de que vai achá-la daqui a pouco, porque
essa forma de reação é típica de alguma coisa que precisa apenas um minuto mais
para se entender, por meio do que eu expliquei, do símbolo e do Projeto. Esse
primeiro Projeto que está na Pauta de hoje, separando Partido da Câmara, porque
hoje, no País, há essa confusão entre o Governo, o patrimônio nacional e o
patrimônio dos partidos, numa das maiores promiscuidades da história deste
País.
Então o símbolo da reação da classe política a
essa confusão imensa, a essa grande “maçaroca”, como disse a Deputada Yeda,
outro dia, esse nó tem de ser desvencilhado, tem de ser esclarecido, fazendo-se
um Projeto, separando-se completamente Partido de Poder, Partido de instituição
oficial, como a Câmara Municipal de Porto Alegre. Acho que esse é um exemplo
para a Nação inteira, e essa minha idéia partiu de um Projeto da Deputada Yeda
Crusius na Câmara Federal, pedindo que sejam divorciadas as idéias de Partido
da idéia de Câmara Federal, a idéia de Partido da idéia de Câmara de
Vereadores.
E esse
Projeto, então, feito agora, que merece esse tipo de tratamento e que merece
esse “Viamão lotado”, que nós recebemos agora, ele pode perfeitamente ser
compreendido, porque essa separação é um símbolo, essa separação é,
indiscutivelmente, um passo à frente nas relações dos Poderes. E, quem sabe, um
Partido receba contribuição direta dos seus filiados através de sua conta
bancária, através de autorização, e não através de uma folha de pagamento,
misturando o Poder Legislativo com o interesse dos partidos.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Obrigado,
Vereador.
A Verª Margarete Moraes está com a palavra para
discutir a Pauta. (Pausa.) Desiste. O Ver. Bernardino Vendruscolo está com a
palavra para discutir a Pauta.
O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Ver. Dr.
Goulart, Presidente desta Casa, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores,
passada a tempestade, vamos retomar aqui, com um pouco mais de calma.
Nós temos vários Projetos em Pauta e eu gostaria
de comentar a respeito do Projeto do Alex da Banca que pretende que se permita
o tráfego de táxis nos corredores de ônibus com a finalidade de prestar socorro
à população em caso de emergência. Ressalvadas aqui as boas intenções do
prezado Vereador, nos parece que, em caso de emergência, qualquer automóvel
poderá usar os corredores de ônibus. Em situação de emergência, em defesa da
vida de um cidadão, de uma pessoa de modo geral, de um ser humano, nós não
temos de observar aqueles critérios já definidos no Código Nacional de
Trânsito. Em situação de emergência, a meu ver, nós podemos, sim, usar os
corredores de ônibus; enfim, não abusar das regras de trânsito, mas em situação
de emergência, a própria palavra já diz: “situação de emergência”.
O Sr. Mario Fraga: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Bernardino, aproveito este espaço, já
que eu não posso falar em Pauta, quero dizer que eu tinha sublinhado o Projeto
do Vereador da nossa Bancada, do Alex da Banca. É sobre o mérito, Vereador,
exatamente isso que acontece hoje, só que V. Exª pode trafegar no corredor e
pode ser multado, assim como em qualquer sinaleira, qualquer coisa... Seria uma
forma de regulamentar essa corrida, quando está se tentando salvar uma vida.
Então, seria regulamentado nesse sentido o Projeto do nosso colega Ver. Alex da Banca. Muito obrigado pelo tempo.
O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Obrigado. Nós
respeitamos essa posição, mas temos uma opinião de que, em uma situação de
emergência, não precisaríamos, evidentemente, de uma legislação para nos
proteger. Mas é respeitável, inclusive, a preocupação do caro Vereador.
O Ver. Comassetto propõe aqui o Prêmio de
Jornalismo Carmem da Silva à radialista Beatriz Fagundes. Assinamos em conjunto
com o Vereador Comassetto, porque, independente do que pensa, politicamente,
este ou aquele Vereador, este ou aquele radialista, este ou aquele cidadão, nós
devemos respeitar e considerar, aceitar o contraditório, aceitar o pluralismo,
e não vejo por que - independente daquilo que pensa essa Radialista - nós não
apoiarmos este título que achamos que ela é merecedora. Assim como outros homens
da comunicação, independente da maneira de pensar, da sua opinião política em
relação a este ou aquele Partido, nós vamos respeitar sempre.
Ao Projeto do Ver. Ismael, que também é sócio do
Clube Independente, que cria o Campeonato de Bocha, Taça Farroupilha, nossos
cumprimentos, porque somos também associados ao Clube Independente.
Parece que se cria uma polêmica no primeiro dia
da apresentação do Projeto em Pauta, de autoria do Ver. Claudio Sebenelo, que
proíbe nos órgãos ou entidades da Administração Pública e Concessionária, ou
Permissionária do Serviço Público, o desconto em folha de pagamento em favor de
agremiações partidárias. Vereador, independente da discussão que houve, me
parece que houve um mal-entendido, mas é louvável o seu Projeto, até porque nós
vamos, de repente, no caminho da moralização, por que não aproveitando esta
onda que veio lá do Congresso Nacional, onde esta Casa também se preocupa com a
diminuição do Recesso, onde esta Casa se sobressai, quando comparada com outras
Casas Legislativas do País; onde nós podemos defender e estamos defendendo toda
a vez que nos é apresentado um microfone, porque aqui nós não temos um recesso
como em outros Estados, em outras capitais, em outros Municípios, enfim, porque
aqui nós temos uma Comissão Representativa Permanente, esta Casa é
diferenciada. Talvez o Ver. Sebenelo venha trazer algo fazendo com que esta
Casa, mais uma vez, se diferencie das demais Casas Legislativas do País. Nossos
cumprimentos, Ver. Sebenelo, nosso cumprimento também ao Ver. Comassetto que,
de repente, pode não ter entendido os fundamentos destes Projetos. Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): O Ver.
Professor Garcia está com a palavra para discutir a Pauta. (Pausa.) Ausente. O
Ver. Carlos Comassetto está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. CARLOS COMASSETTO: Sr. Presidente,
Ver. Dr. Goulart, prezados colegas Vereadores e Vereadoras, do conjunto dos
Projetos em Pauta para primeira discussão temos um Projeto de nossa autoria,
Ver. Bernardino Vendruscolo, em que estamos oferecendo o prêmio de Comunicação
e Jornalismo, o qual é destinado a uma mulher comunicadora da cidade de Porto
Alegre, a comunicadora Beatriz Fagundes. É um prêmio a ser oferecido no mês da
mulher, e assim entendemos que estamos sugerindo e oferecendo à cidade de Porto
Alegre e a esta Casa a aprovação deste reconhecimento a essa grande Jornalista
que faz, sim, um debate que demarca posições; que defende, sim, projetos; e
todos nós sabemos qual é o lado que tem a jornalista Beatriz Fagundes.
O segundo Projeto que queria comentar aqui hoje
é o Projeto apresentado pelo Executivo que faz a proposta de modificação do
Plano Diretor de Porto Alegre. E aqui eu concordo com a posição do Ver. João
Dib, onde nós precisamos imediatamente nos debruçar sobre o Projeto do Plano
Diretor no que diz respeito a sua revisão. Está dito na Lei, que foi aprovada
aqui nesta Casa em dezembro de 1999, que nos primeiros quatro anos deveria ser
feita a revisão do Plano Diretor. Já se passaram os quatro anos e esta Casa não
fez a sua revisão; e o Estatuto da Cidade está dizendo que todos os Municípios
brasileiros, até outubro de 2006, todos os Municípios brasileiros com mais de
vinte mil habitantes, aqueles que não têm Plano Diretor devem elaborá-lo, e aqueles
que já o têm devem apresentar a sua revisão, adequando-o ao Estatuto da Cidade.
E a Lei apresentada aqui pelo Executivo Municipal que busca a qualificação da
questão legal para desenvolver e aplicar os Projetos do Governo Federal
relacionado à habitação popular, é necessário e é urgente.
O Governo Federal este ano está destinando 18,7
bilhões para o setor habitacional brasileiro, e desses há uma quantia de
dinheiro para o setor habitacional de baixa renda, inclusive dinheiro
subsidiado. Este, aqui, é para os programas de arrendamento familiar, e já
constituímos, no final do ano passado, Ver. Raul Carrion, um comitê de
acompanhamento dos recursos do Governo Federal, em que estão o Sinduscon, a
Sociedade de Engenharia, o IAB, a Conam, e todas as entidades relacionadas ao
ciclo produtivo da habitação popular.
Por quê? Porque temos estrangulamentos legais,
porque temos uma falta de cultura de trabalhar para a habitação popular.
Portanto, o Projeto apresentado é uma boa
iniciativa, porém iremos contribuir com um conjunto de Emendas aqui no que
achamos interessante buscar a qualificação desse Projeto.
Por último, quero comentar, aqui, sim, o Projeto
de autoria do Ver. Claudio Sebenelo, da Bancada do PSDB, não traz uma vez
escrito, aqui, a palavra do Partido dos Trabalhadores. Portanto, ele não tem o
direito de vir a esta tribuna em nome do seu Projeto e fazer acusações levianas
ao Partido dos Trabalhadores. E essa tem sido a postura do nosso ex-Presidente
da República Fernando Henrique Cardoso: ir para a grande imprensa fazer
acusações levianas, sem justificativas. Estaremos sempre a postos, aqui, para
combater essas posturas equivocadas, referentes a que Partidos forem; estaremos
alertas.
Este é um Projeto inócuo, um Projeto contra a
transparência partidária. Aqueles Partidos que têm dignidade, que têm postura,
não têm problema em dizer e fazer acordos com seus filiados, no sentido de que
façam, sim, o desconto em folha para a contribuição partidária. Isso é
transparência!
O problema é quando não têm essa transparência e
é feito um jogo “por baixo dos panos”, sem a possibilidade de que isso seja
claro, tranqüilo e que venha escrito, inclusive, no próprio contracheque:
“Contribuição para o Partido tal, por livre e espontânea vontade e por
determinações regimentais partidárias”.
Então, o Projeto de autoria do Ver. Sebenelo é
um Projeto que coloca a anticonstrução partidária.
E venho, aqui, Ver. Sebenelo, com muita
tranqüilidade e fraternidade, Dr. Vereador Sebenelo, dizer que esse Projeto é
um Projeto de anticonstrução partidária, e não use o nome do Partido dos
Trabalhadores em vão nesta tribuna, porque não está escrito no seu Projeto.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Dr. Goulart): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra
para discutir a Pauta. (Pausa.) Ausente. O Ver. Raul Carrion está com a palavra
para discutir a Pauta. (Pausa.) Desiste. O Ver. Márcio Bins Ely está com a
palavra para discutir a Pauta. (Pausa.) Desiste. A Verª Sofia Cavedon está com
a palavra para discutir a Pauta.
A SRA. SOFIA
CAVEDON: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, esse tema que alterou
os ânimos é um tema bastante interessante para o nosso debate. O Ver. Claudio
Sebenelo não quer que cidadãos livres decidam descontar para financiar o seu
Partido. Eu acho que esse tema é um tema interessantíssimo para a crise
política que nós estamos vivendo. Veja, essa cultura do desconto partidário, do
financiamento do próprio Partido, é uma das culturas mais preciosas do Partido
dos Trabalhadores, porque sempre brigamos e lutamos contra formas obscuras e
outras formas de financiamento que comprometiam um projeto político com o poder
econômico, fundamentalmente, com uma troca, depois, que exige do Parlamentar,
dos representantes, o cumprimento de deveres, favores e privilégios, portanto,
a grupos que detêm o poder econômico. Esse é o grande debate que está no País
neste momento. A exacerbação dos custos de campanha, os compromissos que esses
custos de campanha trazem aos dirigentes - e esse foi um dos pecados que alguns
dirigentes, altos dirigentes do Partido dos Trabalhados cometeram, de concordar
com esta lógica de comprometer-se com troca de favores por recursos -, é uma
lógica que é reproduzida desde a campanha de Vereador pelo voto individual,
pelo voto que se presta ao clientelismo, à troca de favores, desde o Vereador,
às grandes campanhas para a presidência deste País. O nosso Partido, não. Ele
nasceu querendo se contrapor a isso. Ele nasceu vendendo, sim, a bandeira, o botton,
na esquina, cada militante contribuindo para a manutenção do seu Partido, para
fazer as suas campanhas, não é, Verª Margarete? Quantas vezes passou aquele
saquinho nas reuniões do Partido, em que cada um botava a sua moedinha, o
recurso que tinha, e assim nós financiamos por muito tempo, sim - a nossa
militância -, o nosso debate político, a disputa de poder. Muitos querem dizer
- e este debate já fiz na rádio, na televisão - que a condição de um militante
ser investido num cargo em comissão era descontar. Nós sempre fizemos o debate
político, sim, com os nossos comissionados, mas nós nunca exigimos. Muitos CCs
nossos não contribuíam, não tinham desconto em folha. Mas, para além disso,
muitos funcionários públicos, mesmo sem Função Gratificada, mesmo sem terem um
cargo comissionado, mas funcionários públicos, diziam: “Eu sou do Partido dos
Trabalhadores, eu vou descontar”... Essa prática, longe de ser uma prática de
usurpação do público, Ver. Sebenelo, é, como diz o Ver. Carlos Comassetto, uma
forma transparente de dizer: “Olhem aqui, nós estamos mostrando, em
contracheques, que nós contribuímos com a construção partidária”.
Isso é, na verdade, uma forma que se contrapõe
aos obscuros financiamentos de campanha que impingiram erros a dirigentes
nossos, sim, que nós queremos corrigir, que nós temos definido em nossos
encontros - e tenho certeza de que no Encontro Nacional do Partido, que vai
acontecer em abril, a decisão vai ser de que neste ano, e o Presidente Lula
também tem dito isso, haja maior transparência e seriedade na busca de
financiamentos de campanha. E parece que essa é a grande lição que levamos do
ano de crise política que vivemos, porque apareceu claramente que esta é uma
prática disseminada em todos os Partidos e em todo o Brasil: a prática do caixa
dois. E por quê? Porque nós não constituímos instrumentos republicanos
suficientes para controlar, porque nós não fizemos a reforma política
necessária para trabalhar o voto de projeto, de programa, de Partido, e não o
voto individual. Porque nós trabalhamos com a exacerbação midiática, com a
venda de um produto e deixamos de
fazer o debate político, o debate militante. Porque nós precisamos, sim,
trabalhar a fidelidade partidária. E em muitas coisas parece-me que vamos
avançar, como no fim da remuneração da convocação extraordinária, como na
redução do recesso, como no controle do caixa dois... Mas, lamentavelmente, o
fim da verticalização vem na contramão desse progresso, dessa recuperação do
que é público.
Então, Ver. Sebenelo, eu peço que reflita sobre
o seu Projeto. Parece-me que transparência, cada vez mais, é necessário para a
construção da democracia que nós queremos.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Dr. Goulart): Muito obrigado, Verª Sofia. A Verª Maristela
Maffei está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
A SRA.
MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores. Cumprimento o Ver. Dr. Goulart, que exerceu a
função de Prefeito da nossa Capital com a grandeza com que também trabalha
nesta Casa.
Em primeiro lugar, senti-me
muito honrada em representar a Câmara de Vereadores na abertura da Festa da
Uva, em Caxias do Sul, onde estiveram presentes várias lideranças, como
Deputados Federais e Estaduais, e mais honrada ainda por fazer parte da
comitiva que ficou próxima ao Presidente Luís Inácio Lula da Silva. Presenciei
o ato quando foi confirmado, além das questões da vinicultura, a liberação,
Ver. Raul Carrion - que se somou conosco -, está hoje no jornal Correio do
Povo, da verba - está presente o Ver. Newton Braga Rosa, uma liderança na área
da Ciência e Tecnologia - de complementação, no valor de 48 milhões de reais,
necessária para a etapa Sala Limpa, do Ceitec, na nossa Lomba do Pinheiro. O
nosso Centro de Ciência e Tecnologia, o único da América Latina, tem também a
parceria do Governo do Estado, bem como da Prefeitura Municipal de Porto
Alegre. Fico muito feliz em trazer essa notícia, pois, o que foi organizado na
semana passada, pelo Ver. Raul Carrion, já havia sido também organizado, no ano
passado, por esta Vereadora, e vai-se somar ao restante, completando os 150
milhões de reais, com que, com certeza, no início ou na metade do ano que vem,
estaremos finalizando essa obra. Isso nos dá muito orgulho por, mesmo pela
diferença dos vários partidos, encabeçados pelos nossos Deputados Federais -
quero, aqui, fazer uma referência ao Dep. Federal Beto Albuquerque -,
alcançarmos mais essa vitória, não apenas para o povo gaúcho, mas para o povo
brasileiro, com a prática do Presidente Luís Inácio Lula da Silva que, aliás, dizia,
na finalização do seu discurso, que ficou impressionado, pois, em 2004, quando
aqui esteve, houve várias reivindicações dos vinicultores e agora não houve
mais demandas; ou haviam realizado todas as demandas, ou havia excesso de
choro. Mas as reivindicações do Rio Grande do Sul estão na pauta, estão sendo
realizadas, e quem ganha com isso é o Estado. O Governador Rigotto recebeu, na
segunda-feira, um milhão de reais, depositados nos cofres do nosso Banco do
Brasil;
verbas fundamentais para o desenvolvimento do nosso Estado. E é por isso que o
Presidente Lula novamente desponta em primeiro lugar nas pesquisas. E não
importa quem está aqui como Governador, o que importa é que o nosso Estado, de
fato, possa se desenvolver. E quem ganha é a nossa comunidade, bem como nós que
realizamos o nosso trabalho em conjunto, Ver. Newton Braga Rosa, para que, de
fato, o Ceitec, o mais rápido possível, possa estar fabricando os nossos chips,
em nossa indústria.
Hoje, por exemplo, se coloca em prática a
primeira indústria de celulares, na Zona Norte de Porto Alegre.
Estivemos, também, Sr. Presidente, Srs.
Vereadores e Sras. Vereadores, visitando, agora de manhã, a concretização de
250 mil reais, que são parte do investimento do primeiro ginásio coberto da
comunidade da Lomba do Pinheiro, localizado na Parada 10, envolvendo a parte de
infra-estrutura e a parte de visual, bem como de estrutura do Parque Belém. E
trago aqui um abraço da Presidência daquele hospital ao Ver. Carlos Comassetto
e ao Ver. Ervino Besson. E acho que se a nossa Bancada gaúcha se empenhar mais,
nós podemos ter o investimento daqueles hospitais que realmente precisam, como
é a questão da Zona Leste e da Zona Sul, para que o nosso Pronto Socorro de lá
comece realmente a efetivar com todos os equipamentos e com uma demanda muito
superior, como hoje é o Cristo Redentor, o Conceição e o nosso Pronto Socorro.
E para finalizar, quero dizer, Sr. Presidente,
Ver. Dr. Goulart, que o Prefeito de Caxias do Sul, Sr. José Ivo Sartori, lhe
mandou um abraço por ter mandado a representação desta Casa. Nós estamos, mais
uma vez, muito felizes com a vinda do Presidente da República aqui no nosso
Estado, trazendo essas belas notícias para o Estado.
Ver. Claudio Sebenelo, vamos nos acalmar, é um
ano de eleição, V. Exª sabe que o Presidente Lula está muito bem nas pesquisas
e, na sua visão positivista, enquanto sociólogo, V. Exª deveria fazer uma
autocrítica, com todo o respeito que V. Exª sabe que tenho por sua pessoa,
jamais faria algumas práticas que aqui têm acontecido, e quando o faço, peço
desculpas, mas eu não tenho uma visão positivista da filosofia, nego tudo o que
o Fernando Henrique fez de muito mal para o nosso Estado, na privatização, V.
Exª sabe disso. Então, com todo o respeito, quero fazer essa autocrítica e
dizer que estamos muito bem, obrigado, rumo à reeleição do Presidente Luís
Inácio Lula da Silva. Muito obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): O Ver. Raul
Carrion está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. RAUL CARRION: Exmo
Sr. Presidente, Ver. Dr. Goulart; demais Vereadores e Vereadoras, nesse
domingo, o colunista Elio Gaspari, que escreve em diversos jornais, tem uma
crônica muito interessante no jornal Correio do Povo, Verª Margarete, que se
chama “A Demofobia Suicida do PSDB”. Diz ele (Lê.): “Na tentativa de
desqualificar o apoio que Lula recebe de uma parte da população, o tucanato
resolveu esbofetear o eleitorado. Ouça-se o ex-Presidente Fernando Henrique
Cardoso: ‘Houve uma mudança de sentimento da classe média em relação ao
Presidente. Ele percebeu e virou o discurso para a massa dos não-informados’.
Ou o grão-tucano Alberto Goldman: ‘Os menos escolarizados e menos informados
têm dificuldade em aceitar o fato de que seu ídolo tem os pés de barro.’ Tradução
(palavras de Elio Gaspari): a choldra ignorante é capaz de reeleger Nosso
Guia.” E segue ele (Lê.): “O tucanato acha que a escumalha só pensa quando
pensa como ele. Em 1994 e em 1998, o andar de baixo elegeu e reelegeu FFHH e o
PSDB não viu burros pobres nem pobres burros. ...” “.... Depois que uma
liderança política começa a acreditar que a força de seu adversário está no
inferno dos ignorantes, acaba duvidando da legitimidade da eleição que perdeu.”
E conclui mostrando que, no fundo, isso leva para uma visão golpista de
desprezar o povo e de não entender o que está acontecendo.
Nessa quinta-feira que passou, também, Ver. João
Dib, o tucanato reuniu-se num seminário no Hotel Renaissance; eram 250 pessoas,
a maioria endinheirada: banqueiros, dirigentes da FIESP, grandes empresários do
Brasil. O tema era a economia, mas a discussão, Vereador, foi sobre política. E
o Aécio Neves, vendo a “pauleira”, disse: “lexotan e caldo de galinha”,
recomendou.
Tudo isso, minha gente, porque a fumaceira
dessas CPIs até hoje não conseguiu realmente punir e encontrar os corruptos
neste País. Aliás, há uma lista, eu não assino embaixo, que está sendo
examinada pela Polícia Federal em que, parece, é a origem de tudo; de Furnas
vem a origem. Essa CPI não consegue esclarecer, e o povo vai se dando conta das
conquistas, dos avanços do Governo Lula, e vai comparando com a destruição do
País nos oito anos do tucanato, vai compreendendo de que lado está.
E a mesma pesquisa Sensus que, em dezembro, deu
a vantagem para os tucanos, hoje quando indica o avanço do Governo Lula e da
sua aceitação pelo eleitorado, o tucanato quer processar a Sensus.
Então eu queria chamar a atenção, não vai dar
tempo no dia de hoje, nós temos muita conversa pela frente neste ano, para
algumas diferencinhas entre o Governo Lula e o Governo do tucanato: oito anos
de tucanato, três anos só de Governo Lula.
Pois bem, Fernando Henrique, no primeiro
mandato, extinguiu, eliminou um milhão e 18 mil empregos; no segundo mandato,
conseguiu um milhão e 815. Saldo em oito anos de criação de empregos do
Fernando Henrique: 797 mil, oito mil empregos por mês. No Governo Lula, em três
anos, 3 milhões e 700 mil empregos com carteira assinada, sem falar no emprego
informal; 103 mil empregos/mês comparado com oito mil empregos do tucanato, 12
vezes mais. Vamos adiante: o Governo FHC, em oito anos, diminuiu 2,9% os
brasileiros abaixo da linha da miséria; o Governo Lula, em 2003, 3,9% - só em
2003, fez mais do que oito anos de tucanato -, e em 2004, 8% saíram da linha da
miséria. Para 2005 e 2006 ainda estão sendo feitos os cálculos. Em 2005, o salário mínimo obteve 9% de ganho real; neste
ano, são 12% de ganho com um salário mínimo de 350 reais.
É por isso, senhores
tucanos; não é porque o povo seja burro, não é porque o povo seja mal
instruído, como essa elite pensa. É porque o povo vê o crescimento do emprego,
vê a melhoria da sua renda, vê a melhoria do salário mínimo, vê a Petrobras com
25 bilhões de lucro, vê o BNDES, vê os investimentos no Brasil, vê o Brasil no
mundo se transformando no interlocutor dos povos esmagados pelo imperialismo,
Ver. Dr. Goulart, que também é um lutador pelo nosso povo. Por isso é bom que
os tucanos aterrissem; o mundo agora em 2006 é o mundo da realidade. Muito
obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr.
Goulart): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Ver. Dr. Goulart; Srs. Vereadores, Sras
Vereadoras, senhoras e senhores, imaginem que a Verª Sofia Cavedon, quando
esteve na tribuna, numa de suas últimas intervenções, disse que o Partido dos
Trabalhadores conseguia se manter através da passagem de um saquinho, no qual
os militantes iam colocando as suas moedinhas. Assim fazendo, o Partido dos
Trabalhadores, esse exemplo de honestidade, conseguia que o seu orçamento
pudesse ser realmente equilibrado entre a receita e as despesas.
Só que a Verª Sofia
esqueceu de dizer que esse saquinho, no qual muitos militantes depositavam
moedinhas, de vez em quando passava perto do Valério, e este depositava alguns
milhões. De repente, Ver. João Dib, esse saquinho passava perto do Duda
Mendonça, e o Duda Mendonça depositava mais alguns milhões; de repente, ia para
os fundos de pensão, e os fundos de pensão depositavam mais alguns milhões. E assim
sendo, aquele saquinho em que pessoas honestas faziam seus depósitos, pensando
que eram com aqueles minguados vinténs que o Partido conseguia se manter,
aquele saquinho era recheado de contribuições desonestas, de roubo efetuado contra
a população brasileira. Aquele saquinho continha muita coisa indispensável para
melhorar a saúde do povo brasileiro, para manter melhor a Previdência, para
manter uma sociedade melhor. Mas tudo isso estava naquele saquinho honesto que
o PT passava para poder manter as suas despesas. É, esse saquinho honesto!
Só que, até agora, o Presidente Lula, que só
sabe viajar e fazer campanha, não soube, Ver. João Dib, explicar se esses
milhões que saíram em benefício do PT através do “valerioduto”, das contas do Duda
Mendonça - e até agora não criminalizaram nenhum militante petista, nenhum dos
dirigentes petistas - vão ser devolvidos para a população brasileira ou não! Eu
não vi um só militante petista subir aqui a esta tribuna e dizer que queria ver
esse dinheiro devolvido! Não! Porque se locupletaram com esse dinheiro! O
dinheiro que foi roubado do povo brasileiro, o dinheiro que foi roubado da
Saúde, da Previdência, o dinheiro que foi roubado do nosso povo serviu para
Deputados, Vereadores, Governadores e para o próprio Presidente Lula! E agora
eu faço uma pergunta: nessa reeleição que está buscando o Presidente Lula, de
onde será que vai sair o dinheiro? É do povo brasileiro de novo, de novos
roubos, de novos engodos!
Aqui há uma contribuição, dizendo que o saquinho
que foi mencionado pela Verª Sofia Cavedon chegou até a virar uma cueca, porque
na cueca também foram depositados muitos dólares! Tudo nesse saquinho; saquinho
milagroso!
Mas a revista Veja (Mostra revista.) - e eu
quero que todos os senhores leiam, porque precisamos esclarecer à população
brasileira - tem realmente feito bem esse papel e fala aqui
sobre os fundos de pensão, sobre tudo que foi feito, Verª Sofia, pelo seu
Partido para causar nos fundos de pensão os maiores prejuízos, para que o seu
Partido pudesse se locupletar. Foi através desses prejuízos, causados aos
fundos de pensão, que se propiciaram, muitas vezes, grandes faturamentos para
favorecer o PT e seus aliados.
Então, eu quero que
os Vereadores petistas venham a esta tribuna para dizer que querem que esse
dinheiro que foi roubado por dirigentes do seu Partido retorne para o Tesouro
Nacional, que retorne para beneficiar a nossa sociedade, que seja devolvido e
que seus dirigentes possam ser responsabilizados e possam ser criminalizados. A
Polícia Federal deve ir à sede do PT para vasculhar, assim como fez lá na
Daslu. Isso realmente tem que ser feito, porque senão não existe moral para vir
aqui nesta tribuna e assacar ofensas contra outros Partidos, contra outros
Vereadores, contra outros políticos. Eles têm que vir aqui e dizer que querem,
realmente, o melhor para o Brasil, e o melhor para o Brasil, neste momento, é
que o PT possa devolver o roubo que fez, para que possamos ter melhor
previdência, possamos ter melhor segurança pública, possamos ter, na verdade,
uma melhor sociedade. É isso que nós queremos, todos nós brasileiros. Aí,
depois, o Presidente Lula pode falar em eleição, porque falar em reeleição sem
resolver os problemas que o PT causou a esta Nação, eu acho que é, realmente, um
despropósito.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr.
Goulart): A Verª Sofia Cavedon está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
A SRA. SOFIA CAVEDON:
Sr. Presidente, Ver. Goulart; Srs. Vereadores, Sras
Vereadoras, eu fico realmente preocupada, quando ouço Vereadores que respeito,
mas que não conseguem construir com veracidade o seu discurso, que destilam um ódio,
que é um ódio de classes, porque a elite brasileira não aceita que um
trabalhador, um metalúrgico, esteja dirigindo este País e tenha tido a ousadia
de chegar à Presidência desta República, deste País, país espoliado e vendido
pelas elites que têm como seu mais ousado representante o Sr. FHC. Esse sim,
esse quebrou o País duas vezes e acumula mais de 40 escândalos que, na sua tão
bem articulada base, conseguiu esconder debaixo do tapete ou, pelo menos, não
apurar. E nós vemos um representante do PSDB destilando a sua raiva de classe -
é assim que eu posso traduzir. Eu aceitaria, Ver. Luiz Braz, a sua crítica - e
foi fato - de que dirigentes do PT erraram, mas se o senhor viesse aqui e
fizesse a autocrítica, fizesse uma mea culpa de toda essa farra que foi
feita com o dinheiro público, com as estatais, com os contratos em dez anos de
FHC; mais do que isto, com todas as políticas que venderam o Brasil, que
beneficiaram grandes grupos, que fizeram com que o País crescesse para trás,
que aumentaram o desemprego. E a custa disso tudo se promoveu à reeleição, e
ainda, cara-de-pau, FHC insiste em dar receita de como governar. Ora, esse metalúrgico
bate FHC - grande intelectual, sociólogo - em todos os números neste País: nos
números de empregos, sim, nos números da inclusão social, na ousadia de
políticas educacionais, na ousadia em construir políticas para os pequenos,
para a pequena agricultura.
A nossa Ministra Dilma esteve agora, aqui,
supervisionando a construção dos nossos cataventos para a energia eólica - o
Lula estará aqui inaugurando, fazendo a ligação. O Brasil é auto-sustentável em
energia, com a Petrobras, e é exemplo da construção de várias alternativas que
preservam o meio ambiente. Eu poderia seguir dizendo o que todos estão falando:
o Brasil começa a encontrar o seu caminho, a soberania nacional.
Eu queria falar do Haiti, sobre o que houve,
tanta crítica a um país tão pobre, e o Brasil está sendo elogiado por ajudar a
construir a democracia lá, onde a presença dos soldados brasileiros é querida,
porque nós estamos lá construindo poços artesianos. Nós estamos lá ajudando
aquele País, e devemos mudar agora da segurança para ajudá-los no seu
desenvolvimento.
Ao mesmo tempo, o Lula conseguiu
afastar - e afastou - os seus dirigentes implicados nas denúncias. Tem deixado
as CPIs trabalharem livres. A Polícia Federal nunca desbaratou tantas
quadrilhas neste País. Agora, vai atingir os bancos que enviam ao Exterior
recursos públicos.
Enquanto isso, Ver. Braz e demais Vereadores da
base do Governo Rigotto, expliquem, sim, a ausência de Governo e de Governador
no Estado do Rio Grande do Sul. Hoje a Assembléia deve estar votando a licença
do nosso Governador. É um Estado que cresce para trás, o Estado da insegurança,
o Estado do desgoverno, que só governa para meia dúzia de empresas, é uma farra
fiscal. Esse é o destino do Estado do Rio Grande do Sul, esse é o Governo que o
senhor devia vir explicar aqui! O Governo que aplica o tarifaço, que renunciou
a governar, que não tem uma - uma sequer - medida criativa para enfrentar a
crise, que só chora que o recurso federal não é suficiente, que vai começar o
ano letivo, quem sabe, com greve dos professores! Que só soube bater nos
cidadãos que estão se manifestando lá no pedágio de Viamão há dois meses! E o
Governo não tem uma proposta, não faz uma mediação, não constrói alternativa!
Há um desgoverno neste Estado, e o Governador
quer ser Presidente da República! Está viajando por todo o Brasil! Está fugindo
de responder pelo seu Governo, e eu espero que a Assembléia não aprove essa
licença e peça para ele renunciar, porque ele renunciou a governar já há muito
tempo. (Palmas.)
(Não revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Obrigado,
Vereadora.
O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para
uma Comunicação de Líder.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, o nosso problema não
é falta de legislação: o nosso problema é falta de respeito à legislação. O
nosso problema é não querer respeitar. Nós temos um Regimento Interno. O
Regimento Interno diz que nós temos um período de Comunicações e um período de
Grande Expediente nas segundas e quintas-feiras. Falam seis Vereadores nesses
dias. Aí nós poderíamos tratar de todos os problemas do Brasil, do Estado, de
tudo quanto nós quiséssemos, mas não, nós deixamos para o período de
Comunicações das Lideranças. E quanto à Comunicação de Líder, no nosso Regimento
Interno, art. 229, diz que o Vereador pede a Comunicação de Líder - como Líder
ou para algum de seus liderados - ao Presidente e diz qual o assunto, que o
Presidente considerará se é urgente, inadiável, e, então, dará a Comunicação de
Líder.
Nós passamos uma hora aqui, com agressões
mútuas, com histórias da carochinha até, fazendo Comunicações de Líder que, no
Regimento Interno, art. 229, não se enquadram nunca; nenhuma delas se enquadra.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): O Ver. Ismael
Heinen está com a palavra para uma Comunicação de Líder; fala em nome da sua
Bancada, o PFL, provavelmente se atendo ao Regimento Interno.
Vendo essas discussões acaloradas na tarde de
hoje, eu inseriria nessa discussão uma convicção, uma certeza minha de que está
na hora de o País levar um choque liberal, da liberal democracia, da democracia
cristã, porque essa democracia socializante já distribuiu todas as benesses que
podia distribuir e se encontra profundamente endividada, Sr. Presidente. Nós
temos um trilhão de dívida interna, e agora surgiu - e é uma coisa que eu quero
trazer para os senhores - uma preocupação imensa, a constatação irrefutável de
uma dívida maior, que é a dívida da nossa Previdência Social, de um trilhão e
97 bilhões de reais. São três anos, quase quatro anos do Governo de S. Exª Luiz
Inácio Lula da Silva, que estava sendo defendido com muito ardor pelos seus
correligionários, em que vejo o Brasil e o Haiti como os países que menos
cresceram na última década; todos os outros países cresceram mais: a Argentina,
que estava quebrada; a China, ao dar um choquezinho liberal, está mostrando o
quanto está crescendo.
Mas, meus amigos, quem haverá de pagar essa
conta de um trilhão da Previdência Social? Que não queiram cobrar novamente dos
aposentados. Este Governo já tirou 11,5% dos aposentados. Porque impostos não
temos mais como aumentar, colega Ver. Antonio Dib, já está nos 40% de impostos.
E as taxas? Quando viajamos, encontramos taxas para os lados, é taxa aqui, é
taxa lá, é pedágio, é taxa disso, é taxa de tudo, fora esse imposto
astronômico.
Gente, o “ovinho de Colombo” é tão simples, é só
bater que ele permanece em pé. Se nós queremos verdadeiramente voltar a
crescer... O País chegou na década de 70 a crescer 11% num ano, nós levamos dez
anos para crescer apenas 2,5%.
Querem dizer que o nosso País está farto de
emprego, isso não se retrata no meu gabinete, Presidente; o que vem de amigos e
de gente até desconhecida bater na porta do gabinete, implorando por emprego,
gente qualificada, com diploma, com experiência, pai de família que se sujeita
a trabalhar por um mínimo... Mas quer emprego, certamente ele não quer esmola
de 85 reais para criar a sua família. É um desafio muito grande essa dívida
interna do Brasil. Mas a que mais me preocupa é a dívida da Previdência que
poderá estar ameaçando os salários dos aposentados que tanto trabalharam para
erguer este País. Há bem pouco tempo este Governo lançou sobre eles uma pecha
de uma cobrança para regularizar, e a dívida dobrou.
Nós somos trilionários em dívida, com os três
deste Governo de S. Exª Luiz Inácio Lula da Silva. Para mim não é Governo, meus
amigos, é um desgoverno, é uma irresponsabilidade gastarmos o dinheiro do povo
brasileiro, principalmente em viagens, em dotações de barzinhos em avião, em
gastança pública. Só as gastanças públicas aumentaram 81%, enquanto os
investimentos estão empacados há mais de 10 anos, com apenas 0,5% do PIB.
Vamos, gente, botar a mão na consciência e
trabalharmos todos em prol de um Brasil que cresça, realmente, que cresça para
os brasileiros e que não cresça endividando os brasileiros. Obrigado, Sr.
Presidente.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Muito obrigado,
Vereador.
O Ver. Elói Guimarães, pelo seu Partido, o PTB,
nosso Líder trabalhista, está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente,
Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, nós, este ano, teremos eleições
gerais, por assim dizer, envolvendo os grandes cargos da República. Isso se me
afigura, Sr. Presidente, Vereadores e Vereadoras, uma eleição de igualdade que
propiciará às candidaturas aquela condição de igualdade perante o eleitorado;
igualdade do ponto de vista de se ter governado ambas as propostas, ambas as
siglas, ambos os Partidos políticos que em disputa passaram pela magistratura
maior do País que é a Presidência da República. Então, nós teremos uma eleição
nesse nível e nesse plano, porque eu diria, Ver. Luiz Braz, que foi muito fácil
a eleição do Lula, porque era algo que propunha tudo o que a expectativa
popular almejava: a questão da dívida externa - “vamos modificar as relações
internacionais com a dívida externa” - ; e o povo, evidentemente, ficou com
aquela expectativa. No início, até se falava de uma tentativa de anistia com
relação à questão da dívida externa, ou seja, num confronto com a questão da
dívida externa. A questão interna relacionada com o emprego e os salários, o
que se ouvia de parte do Partido que está no Poder senão a resolução, a
redenção do trabalhador: a questão do salário mínimo, por exemplo, e outras e
outras tantas questões. Então, eu diria aqui, sem medo de cometer injustiça,
porque toda análise deve ser centrada na questão da justiça, dos argumentos a
serem colocados, que o Partido dos Trabalhadores e a sua candidatura maior
trabalharam na eleição frente às adversidades que atravessavam os demais
partidos, e jogavam com facilidades: “Olha, isso está errado”. A questão
econômica, as dificuldades, e por aí se vai, se dizia o quê? Era a relação que
se estabelecia com a grande burguesia, com o capital internacional, era isso que
se dizia, e o povo, na expectativa, esperando, e assim o povo acreditou, e o
Presidente da República, Luis Inácio Lula da Silva, ganha as eleições.
Agora o quadro é diferente. O quadro se modifica
para um debate no campo dos mortais; dos mortais. Até então havia toda uma
expectativa, todo um discurso que jogava na adversidade daqueles que até então
administravam ou administraram o País. Então, este é o quadro de igualdade em
que confrontarão as diferentes propostas. Por isso espero e acredito, teremos uma
eleição real, uma eleição realista em que o povo, que é exatamente aquele que
vai outorgar a direção do País a este ou aquele candidato, terá de forma
induvidosa a verdade sobre os seus olhos, a verdade para que se possa,
efetivamente, fazer a escolha. Então será inquestionavelmente uma eleição real,
sem promessas, sem ilusões, sem vendas de esperanças, porque é o que tivemos
com a última eleição, data venia, de opiniões contrárias, em que se
vendeu muita ilusão, em que se vendeu muita promessa e o povo a isso acompanhou
e agora me parece que teremos uma grande eleição em nosso País, em que os
fatores, em que os elementos e dados se colocarão em condições de igualdade.
Obrigado, Presidente.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Muito obrigado.
Verª Clênia Maranhão, vou passar a V. Exª os e-mails, marcando aquela
famigerada reunião que não saiu e, em relação à sua manifestação na tribuna,
naquela vez em que eu tinha me ausentado, aqui estão os e-mails passados. Muito
obrigado pela sua atenção.
O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para
uma Comunicação de Líder.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente,
Ver. Dr. Goulart, colegas Vereadores, colegas Vereadoras, acompanhei
atentamente a Líder do PT no seu pronunciamento, nesta tribuna, tentando
desqualificar o nosso Governo no Rio Grande.
Quero
dizer, Verª Sofia, que, quando o PMDB governa, governa bem. Não é à-toa que, no
período pós-redemocratização, dos seis governos do Rio Grande do Sul, o PMDB
ganhou a eleição três vezes. É o reconhecimento do povo do Rio-Grande pela
gestão da coisa pública.
Quero dizer a V. Exª que este Governo atraiu 30
bilhões de investimentos em 228 projetos que vieram para o Rio Grande,
pequenos, médios e grandes. Só na metade Sul, são 54 projetos. Então, esse é um
Governo, Verª Sofia, que se justifica sim. O Governo de V. Exª, por exemplo,
mandou a Ford embora. O MDB, quando governa, duplica a planta da GM. Mais do
que isso, Verª Sofia, não é à toa que este Governo ganha o Prêmio de menor
mortalidade infantil, e o prêmio de melhor ensino dos Estados brasileiros é no
Rio Grande do Sul, e é no Governo Rigotto.
Agora, V. Exª deveria ler o site do seu Partido.
Eu fui lá e anotei, Ver. Ibsen Pinheiro, o que o Governador Olívio Dutra dizia,
quando concorreu ao Governo: Bolsa Primeiro Emprego para 100 mil jovens. Quanto
realizou? Sete mil. Crédito agricultura familiar e juros subsidiados para 170
mil famílias. Quanto realizou? Zero! Crédito de emergência para 200 mil
famílias - promessas de campanha do Sr. Olívio Dutra, que foi rejeitado pelo
PT, porque tentou ser governador e o PT disse que não era competente para
continuar. Realizações, Ver. Bernardino, zero. Assentar 10 mil famílias, e
reassentar 20 mil; realizações: zero! Forneceriam 100 mil ranchos mensais -
isso tudo foi promessa do Governo Olívio Dutra. Realização, Verª Maristela,
zero! Cento e setenta para os professores, diziam assim: “Os Governos do Estado
não dão porque falta vontade política”. Quanto é que deram para o Magistério,
Verª Sofia, V. Exª poderia dizer, eu não me lembro, mas os 190% prometidos não
foram concretizados; não foram!
Agora, V. Exª que é do Governo, deste Governo da
República que, tristemente, quero dizer que, se havia uma expectativa neste
País de que o Lula iria governar para os pequenos, para a agricultura familiar,
para aqueles que mais precisam, o que a gente vê neste País? País que já foi a
oitava economia e hoje é a 14º economia, e só perde na distribuição de renda
para Serra Leoa. Sabe quantos milhões pagou, Ver. João Dib, no ano passado,
para a “banqueirada”? Aquela “banqueirada” contestada na esquina democrática,
aquela “banqueirada” contestada na Praça da Sé, “banqueirada” que era
contestada nas grandes caminhadas petistas: pois agora pagam 160 bilhões aos
amigos de Washington. E o povo passando fome! Não tem habitação, não tem uma
renda mínima neste País e o Governo atrelado com a “banqueirada”. Mas, mais do
que isso, é verdade que há corrupção histórica neste País, mas nunca vi roubar
tanto como este Governo do PT, porque roubam em cadeia. Os outros Partidos,
todos, têm esses problemas, mas o roubo é individualizado; no PT é em cadeia.
Todos roubam juntos! E V. Exª vem aqui falar deste Governo do Rigotto, que tem
as suas dificuldades, mas V. Exª não lembra que este Governo não tem de ir a
delegacia de polícia dar explicação todo dia, não!
Este Governo, V. Exas lembram, quando
nós pegamos, tinha cinco milhões de rombo, com ICMS antecipado. Quer mais?
Estadualizaram dois mil quilômetros de estrada a preço vil para pagar o 13º e
V. Exª diz que o Governo do Rigotto governa para os grandes! V. Exª deveria
olhar para o Brasil! Deveria olhar para o seu Partido que discursa para os
pequenos, que abana para os pequenos, mas nunca se viu tanta concentração de
renda neste País como agora, num Governo, que coisa extraordinária, com um
operário na Presidência da República a serviço da “banqueirada”. Que coisa
extraordinária! Essa é a dura, a dramática realidade deste País. Que tem jeito,
tem, mas temos de enfrentar esse modelo que o seu Governo alardeou 25 anos e
não teve a coragem política, porque tinha o respaldo popular, mas no linguajar
bem popular: “costeou o alambrado e mudou de lado”, para se eleger defendeu os
interesses do povo, chegou ao poder, virou as costas para o povo que nem o
diabo para a cruz.
Por isso, com muita tranqüilidade e com muito
orgulho, quero dizer que tenho orgulho do Governo Germano Rigotto, que está
pedindo licença do cargo para percorrer o Brasil, para ganhar a prévia e para
não ser rabicho do Governo Federal; o PMDB vai ter candidato, vai ter um
projeto, e se Deus quiser haverá de ganhar a eleição. Talvez isso é que
incomode V. Exª, de ver essa possibilidade. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): A Verª Clênia
Maranhão está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente,
Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, eu não vou dedicar meu tempo à
polarização que foi aqui trazida pela Verª Sofia, sobre Partidos, Governos e
candidaturas em 2006. Mas eu queria fazer sobre isso uma rápida referência,
dizendo que desejo muito, e eu acho que é isso que o País espera, que as
disputas políticas travadas no ano de 2006, referentes ao Governo Federal,
tenha como centro, primeiro, o repúdio da população a todos aqueles envolvidos
com atos de corrupção e investigados, infelizmente, em investigações
amortecidas na maioria das CPIs, mas que foquem também os debates num projeto
para este País, na construção de um projeto de desenvolvimento alternativo que
faça com que o Brasil saia desse ciclo subseqüente de políticas realmente
compensatórias, neoclientelistas, puramente assistencialistas que não têm
conseguido fazer com que um País tão rico, tão poderoso, tão criativo como o
nosso não tenha ainda diminuído esta brutal diferença entre os milionários,
entre os ricos, e a expressiva maioria da população brasileira que não tem
acesso à uma política de emprego, que não tem acesso à uma política de
capacitação, de reciclagem, de modernização da sua mão-de-obra para poder se integrar
definitivamente no mercado de trabalho.
Recentemente estive no Nordeste, fiquei
impressionadíssima com o crescimento das filas das políticas assistencialistas
neste País. É bolsa disso, bolsa daquilo, que foram criadas ao longo dos
últimos anos e concentradas no nome de uma única bolsa: Bolsa-Família. Com
isso, reproduz-se uma política absolutamente assistencialista,
não-desenvolvimentista e não-cidadã. Eu acho que isso tem que ser a pauta
política de quem efetivamente quer se dedicar à construção de um projeto
político brasileiro.
O Rio Grande do Sul, como sempre, é o Estado que
dará uma contribuição importante a esse debate. Eu acho que o fato de ter um
gaúcho pré-candidato à Presidência da República nos põe no centro desse debate
político. Nesse sentido, é muito interessante o Governador Rigotto ter-se
colocado, porque nos instiga a esse debate e a essa participação.
Queria ainda fazer dois registros de duas
atividades importantes ocorridas em nossa Cidade. Na manhã de hoje recebemos em
nossa Cidade uma das mais importantes personalidades políticas brasileiras, a
Juíza e Deputada Federal Denise Frossard, que dentro da programação Diálogos
com o Rio Grande, proposta pelo meu Partido, o PPS, fez hoje, na Assembléia
Legislativa, uma importante discussão sobre políticas de Segurança Pública, um
dos temas fundamentais a serem enfrentados pelo conjunto da sociedade
brasileira, pelo Governo Federal, pelos governos estaduais e municipais. A
Juíza Denise Frossard, que é pré-candidata a Governadora do Rio de Janeiro,
visitou Porto Alegre discutindo essas políticas de segurança com o conjunto da
sociedade. E, posteriormente, numa reunião, tivemos a possibilidade de discutir
com ela os espaços públicos das mulheres brasileiras e os seus desafios neste
ano de 2006.
Acho que a Cidade
continua vivendo um momento extremamente expressivo e importante, porque ainda
continua sediando a 9ª Conferência Mundial do Conselho Mundial das Igrejas
Cristãs, de inúmeras igrejas que juntas, numa atividade ecumênica, procuram exatamente
a construção da pluralidade, da unidade, do caminho da paz, do caminho do
desenvolvimento, do respeito à religiosidade dos povos.
Só para concluir,
quero dizer que esteve em Porto Alegre, ontem, o Prêmio Nobel da Paz, Adolfo
Péres Esquivel, que fez um depoimento maravilhoso, realmente impressionante
sobre o mau-uso da imagem de Deus para a justificativa das guerras. Neste
momento em que uma política imperialista se coloca de forma abertamente
belicosa, eu acho que a discussão de uma temática de paz, de respeito à
religiosidade, de respeito às diferenças, e a pluralidade que é feita com a
presença de 110 países em nossa Cidade, nos faz mais uma vez referência nos
debates positivos e construtivos para um futuro de justiça e paz da humanidade.
(Não revisado pela
oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Dr.
Goulart): Obrigado, Vereadora.
O SR. SEBASTIÃO MELO
(Requerimento): Sr. Presidente, fiz um
Requerimento hoje pela manhã, mas queria, além de fazê-lo, ver se poderíamos
encontrar uma consensualização aqui para a seguinte questão: no dia 10 de
março, o Programa Espaço Aberto completa 10 anos. Esse programa é uma extensão
da Casa, porque ali, de forma plural, o Armando oferece os microfones para
debater os mais diversos assuntos, inclusive os da Cidade. O apelo que quero
fazer a V. Exª é no sentido de que como não estou no Grande Expediente deste
dia, acho que seria uma homenagem não deste Vereador, mas de todos nós
encaminharmos coletivamente para que o Grande Expediente do dia 10 pudesse ser
dedicado a homenagear o Espaço Aberto. Passo a V. Exª para que possa construir
isso de forma consensualizada.
O SR. PRESIDENTE (Dr.
Goulart): Acatado.
O SR. IBSEN PINHEIRO
(Questão de Ordem): Consulto se não há
matéria para uma reunião conjunta das Comissões.
O SR. PRESIDENTE (Dr.
Goulart): Assim que estiver instalada a Ordem do Dia, porque
aí vamos precisar votar essa matéria.
O SR. IBSEN PINHEIRO:
Essa matéria vai para a Comissão, vai ser apreciado
o Parecer fora da Ordem do Dia, por isso consulto V. Exª Antes da Ordem do Dia,
se V. Exª assim decidir, faremos a Reunião Conjunta.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Ver. Ibsen,
entraremos na Ordem do Dia, suspenderemos a Sessão e faremos a apreciação
conjunta.
Havendo quórum, passamos à
Estão suspensos os trabalhos para uma Reunião
Conjunta.
(Suspendem-se os trabalhos às 16h40min.)
O SR.
PRESIDENTE (Dr. Goulart - 16h51min): Estão reabertos os trabalhos da presente
Sessão.
(discussão: todos os
Vereadores/05minutos/com aparte)
3ª SESSÃO
PROC.
N. 2166/05 - PROJETO DE EMENDA À LEI ORGÂNICA N. 007/05, de autoria do Ver. Aldacir Oliboni, que
altera a redação do parágrafo único do art. 19 da Lei Orgânica do Município de
Porto Alegre, que veda a prática de nepotismo em todos os níveis da Administração
Pública Municipal. Com Substitutivo n. 01. Com Emenda n. 01 ao Projeto.
Pareceres:
- da CCJ. Relator
Ver. Márcio Bins Ely: pela inexistência de óbice de natureza jurídica ao
Projeto e ao Substitutivo n. 01;
- da CEFOR. Relator Ver. João
Antonio Dib: pela rejeição do Projeto e aprovação do Substitutivo n. 01;
- da
CECE, CEDECONDH e COSMAM. Relator-Geral Ver. Adeli Sell: pela aprovação
do Projeto e rejeição do Substitutivo n. 01;
- da CUTHAB. Relator Ver. Carlos
Comassetto: pela aprovação do Projeto e rejeição do Substitutivo n. 01.
(empatado)
Observações:
- discussão geral nos termos do
art. 129 do Regimento da CMPA;
- incluído na Ordem do Dia em
12-12-05.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart Em Discussão Geral o Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 007/05, com Substitutivo nº 01, com Emenda nº 01 ao Projeto.
O SR. LUIZ BRAZ
(Questão de Ordem): Sr. Presidente, gostaria de dizer a V. Exª que
esse Projeto tem um Substitutivo nº 01, que é de minha autoria.
O SR.
PRESIDENTE (Dr. Goulart): O Substitutivo nº 01 ao Projeto é de autoria do
Ver. Luiz Braz.
O Ver. Aldacir Oliboni está com a palavra para
discutir o Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 007/05.
Srs. Vereadores, lembramos que esta é a 3ª
Sessão de discussão deste Projeto.
Percebemos, também, que muitas
pesquisas foram feitas ao longo desse período e que mais de 70% da população
brasileira condenava a prática do nepotismo, isto é, a contratação de parentes
até segundo ou terceiro grau. Isso é uma demonstração clara, viva, de que o
Congresso Nacional também deve tomar posição a respeito do Projeto de Lei que
está tramitando, e estaria em condições, inclusive, de votar essa matéria para
que ela possa valer em todos os níveis, sejam eles federal, estadual ou
municipal. Isso votado, não haveria a necessidade de votarmos essa Lei em nível
municipal. Mas nós acreditamos que esse é um assunto que vem há muito tempo
sendo discutido e não é na carona, não é nos últimos dias que os Vereadores
também já estão sensibilizados para tal, para votar esse Projeto. Por isso esse
Projeto já se encontra na 3.ª Sessão, para que, depois dessa aprovação deste
Plenário, vá para a DL, e a Diretoria Legislativa o encaminhe à Presidência, e
a Presidência nomeie um novo Relator para então fazer Reunião Conjunta das
Comissões, e aí termos um Parecer dado pela última Emenda apresentada ao
Projeto, a Emenda apresentada pelo PDT, para que esse Projeto só tenha validade
na próxima gestão. Entendemos nós, e por isso há diversidade, que esse Projeto
deva valer logo ali, isto é, para o próximo ano, até porque os Vereadores
poderiam ter um tempo adequado para se preparar para que esses servidores
pudessem ser não só dispensados, mas preparados para que nos gabinetes haja uma
readequação de assessorias. Entendemos que esse Projeto vem ao encontro do
conjunto da opinião pública, porque na grande maioria percebemos, lá na opinião
pública, em contato com a comunidade, que os privilégios, de uma certa forma -
que para muitos não o são -, devam ser extintos com o tempo, e nós vivemos num
período em que não há mais como dizer que nepotismo é uma prática salutar. O
nepotismo é uma forma de trazer, sim, os seus parentes para próximo de si, o
que acaba, muitas vezes, reprimindo o diálogo com a maioria das assessorias e
prejudicando o andamento de alguns serviços de extrema importância para o
serviço público.
É
nesse sentido que nós percebemos que não são só os Tribunais que vão extinguir
o nepotismo, mas também o Congresso Nacional, também as Assembléias
Legislativas, também os Poderes dos Municípios - Legislativo e Executivo. O
nosso Projeto prevê a extinção da contratação dos parentes até 2.º grau, seja
do Gabinete do Prefeito, do Gabinete do Vice-Prefeito, do Gabinete dos
Presidentes de Autarquias ou dos Gabinetes dos Vereadores e dos Secretários.
Portanto,
entendemos que este Projeto tem âmbito municipal e, para tanto, precisa, sim,
ter o apoio do conjunto dos Vereadores. É nesse sentido que pedimos o apoio a
todos para que ele tenha tramitação segura, normal, e que possamos votá-lo
neste ano, com segurança, para que as pessoas possam perceber que a Câmara de
Vereadores de Porto Alegre também está interessada em moralizar esse tipo de
serviço ou de assessorias, pois da maneira como isso tem sido até hoje está
sendo condenada pelo conjunto da população. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Dr. Goulart): Muito obrigado, Vereador. O Ver. Adeli Sell
está com a palavra para discutir o PELO nº 007/05.
O SR. ADELI
SELL: Sr.
Presidente, colegas Vereadoras e Vereadores, regra geral, este assunto tem
causado algumas polêmicas aqui nesta Casa, mas eu creio que hoje o País caminha
bem, porque nós tivemos uma decisão que diz que, até esta quarta-feira, o
Judiciário, em todas as suas instâncias, terá que fazer as demissões dos
parentes de seus componentes, sejam eles parentes de Juízes, de
Desembargadores, de Promotores, enfim, de componentes da Justiça. Já caminhamos
bem em alguns Estados da Federação e em alguns Municípios. Às vezes,
evidentemente, fica difícil fazer este debate, porque nós temos pessoas com
alta competência profissional, trabalhando com Parlamentares, com Juízes, com
Desembargadores e que não estão ali por serem parentes. Mas nós estamos num
País em que tivemos o uso indevido de cargos, o abuso, o reiterado abuso de uso
desses cargos para pessoas que, efetivamente, não trabalhavam, não trabalham, e
é por isso que a população brasileira, em todos os momentos em que é
consultada, em todos os lugares em que a gente circula, coloca esta questão da
contratação de parentes para cargos de confiança. Nós inclusive deveríamos ter um
serviço público estilo francês, em que o grosso dos cargos são cargos de
carreira. Muda governo, sai governo, entra governo, mudam apenas os cargos
estritamente de confiança, aqueles que são os gestores de primeira linha, mas
não mudam os cargos, como aqui nós temos, de 2º, 3º, 4º, 5º escalão. Os
subterfúgios que se usam, muitas vezes, no serviço público ao não se abrirem
concursos... Há uma vasta gama de estagiários que não fazem efetivamente
estágio, mas que são, muitas vezes, indicações, e essas pessoas acabam
substituindo um servidor de carreira. Assim também são as funções gratificadas.
Aqui nesta Casa, na Prefeitura, muitas vezes vimos que a FG, que a hora extra
são penduricalhos, porque não se tem a coragem, não se tem a determinação de
fazer uma verdadeira reforma administrativa que comece com a União, vá para os
Estados e perpasse o conjunto dos Municípios.
Hoje muito pior ainda, depois do advento dessa
maldita Lei das Cooperativas, em que o cochilo do legislador abriu brechas para
as famosas cooperativas piratas, nós vimos que em vários pontos se contratam
cooperativas para fazer uma determinada função que não é propriamente uma
função adstrita ao servidor público, e lá se embutem um, dois, três, quatro,
cinco, seis, sete, oito, nove, dez cooperados que não têm nada a ver com aquele
serviço, mas, na verdade, essa é uma forma de passar um contrabando, de colocar
uma pessoa das relações familiares, botar um cabo eleitoral para fazer um
serviço que não é seu.
Nós precisamos enfrentar esta questão. Aqui
nesta sala há um ex-Prefeito, aqui nesta sala há vários ex-Secretários, e sabem
que eu estou falando a pura verdade, e que nós precisamos enfrentar essa
realidade e construir um serviço público profissional, valorizando o servidor
público; que uma função gratificada seja dada exatamente àquele que compõe a
Função Gratificada, e não um arranjo político, uma dádiva por estar vinculado a
este ou aquele.
Assim são os Cargos de Confiança. Os cargos de
confiança dever ser aqueles que são necessários para implementar a política do
gestor que pelas urnas venceu as eleições, e não para aumentar salários ou para
fazer compadrio.
Eu sei que o debate é difícil, cometeremos
algumas injustiças com parentes de servidores que têm efetivamente qualificação
e que poderiam continuar no serviço público, mas é preciso enfrentar o problema
na sua globalidade. Por isso nós acompanhamos o Projeto do Ver. Oliboni.
Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): O Ver. Luiz
Braz, que apresentou um Substitutivo ao Projeto, está com a palavra para
discutir o PELO nº 007/05.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente,
Ver. Dr. Goulart; Srs. Vereadores e Sras Vereadoras;
senhoras e senhores, se nós queremos tratar realmente de finalizar essa questão
do nepotismo colocando uma pá de cal sobre essa discussão, acho que não
podemos, de forma nenhuma, tratar esse assunto superficialmente. Se nós
aprovarmos o Projeto da forma como ele está, o que acontece é que aquele tal de
nepotismo cruzado vai poder continuar existindo tranqüilamente. Então, vai se
dizer para a população que terminamos com o nepotismo e, na verdade, o
nepotismo vai continuar da mesma forma.
Por isso, nós, por meio de um Substitutivo,
estamos querendo tratar o assunto de uma maneira mais ampla. Nesse Substitutivo,
nós estamos impedindo, por exemplo, que filhos, irmãos, parentes mais próximos
de Deputados Federais, de Deputados Estaduais ou de Governadores preencham os
cargos, e em troca os Vereadores mandam os seus para lá,
e aí, na verdade, não existe um fim do nepotismo, existe apenas uma forma de se
enganar a população de que se terminou com esse tipo de empreguismo.
Sou, Verª Mônica, e
já disse desde o início, contrário a que o assunto fosse tratado dessa forma,
mas eu acredito que hoje - não apenas esta Câmara Municipal - todos os
Parlamentos do Brasil e todas as instituições brasileiras estão sendo
pressionadas pela imprensa, que formou uma opinião pública, que essa forma de
preencher cargos é uma forma quase que criminosa.
Então, é muito
difícil, hoje, de se tentar dizer para a população que se eu estou empregando
um parente, se esse parente é competente, e se eu não estou, de repente,
preenchendo todos os cargos com parentes, se eu estou usando um, assim como o
seu pai usou, assim como eu usei durante algum tempo, assim como outros
Vereadores aqui da Casa já usaram, nós não estamos fazendo nenhum crime contra
a sociedade, nós estamos tentando apenas fazer com que haja uma qualificação
maior do trabalho que nós executamos.
Mas hoje a pressão é
muito grande e é difícil de ser resistida. Ora, já que nós não podemos resistir
a essa pressão, vamos fazer então a coisa absolutamente correta, e a coisa
absolutamente correta é tentarmos fazer com que o nepotismo, o Projeto que nós
aprovarmos aqui, Ver. Sebastião, seja um projeto capaz de não enganar a
população, que seja realmente um projeto completo. Querem o fim de tudo? Querem
o fim de tudo, tudo bem. Aí, até mesmo - eu não coloco isso no meu
Substitutivo, mas alguém pode colocar numa emenda -, os órgãos que são de
concessão do Governo, como é o caso das rádios, das televisões, porque tudo é
concessão do Governo. É gozado que os jornalistas tratam as rádios e televisões
como se fossem, na verdade, empresas genuínas, puras, pois são concessões de
Governo, são concessões de serviço público, e, sendo assim, deveriam estar
enquadradas também dentro da Lei do Nepotismo, mas não estão, não se vê nenhum
jornalista tratar o assunto assim. Mas eu acho que nós devemos realmente aqui
tratar o assunto, e eu acho que pressionados, porque afinal de contas este é um
órgão que deve se submeter às pressões.
A Srª Mônica Leal: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu acredito que sim,
Ver. Braz, mas o que é importante registrar, para quem nos ouve, é que até
parece que esse Projeto sobre Nepotismo vai trazer a solução para os escândalos
a que nós assistimos, dia após dia, no ano de 2005, de uma forma surpreendente -
todos nós vimos. Então, se realmente fosse essa a solução, eu seria a primeira
a aplaudir e a votar positivamente, mas eu não acredito que seja essa a forma
de resolver, de trazer a moral e a ética para o universo político. Obrigada.
O SR. LUIZ BRAZ: Ver. João Dib,
sabe como as pessoas que pregam o fim do nepotismo agem às vezes? Uma empresa
que foi contratada como terceirizada do Município, emprega os parentes dos
servidores; pega os seus apaniguados e os coloca lá; pega o irmão do Deputado
Federal, a irmã de tal, traz para cá e coloca aqui, onde há benefícios. Por
isso eu estou querendo, com o meu Substitutivo, já que é para tratar o assunto
dessa forma, terminar com tudo; não estou ainda abrangendo os órgãos que são
concessões do Serviço Público, mas, se alguém quiser apresentar uma emenda, eu
acho que cabe uma emenda também nesse sentido.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Muito obrigado,
Vereador.
Apregôo a Emenda nº 02 ao PELO nº 007/05, que
altera a proposta de redação do parágrafo único do artigo 19 da Lei Orgânica do
Município de Porto Alegre. Ele passará a ter a seguinte redação (Lê.):
“Parágrafo único: os cargos em comissão terão número e remuneração certos, não
serão organizados em carreira e não poderão ser ocupados por cônjuges,
companheiros e parentes, consangüíneos, afins ou por adoção, até o segundo
grau, do Prefeito, do Vice-Prefeito, dos Secretários Municipais ou titulares de
cargos que lhe sejam equiparados; dos Presidentes, Vice-Presidentes, Diretores
Gerais, ou titulares de cargos equivalentes em autarquia, fundação instituída
ou mantida pelo Poder Público Municipal, empresa pública ou sociedade de
economia mista municipal e dos Vereadores e dos titulares de cargos de direção
da Câmara Municipal de Porto Alegre, no âmbito da Administração Pública
Municipal. Ver. Aldacir Oliboni, 20 de fevereiro de 2006.”
O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para
discutir o PELO nº 007/05.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente,
Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, como um Prefeito que não cortou o
cafezinho e nem tirou os veículos oficiais dos Secretários, e eu tenho a tranqüilidade
de também não ter tido nenhum familiar no meu gabinete, eu acho que há um
equívoco das pessoas que, entusiasmadas, ficam contra o nepotismo. Eu acho que
um bom pai jamais colocaria o seu filho, o seu irmão no seu gabinete, porque,
no dia em que ele sai, o filho, o irmão não têm mais nada: não têm profissão,
não têm coisa nenhuma. Nós temos, aqui na Casa, servidores em cargo de comissão
de muitos anos que não são deste ou daquele Vereador, apenas são da Casa, e
que, de repente, não têm nada ao término de um determinado espaço de tempo.
Então, eu acho que a história do nepotismo é
muita veiculação na mídia, é muito interesse em promoção pessoal; não é
solução. Nós não vamos solucionar nada, absolutamente nada, porque, se eu tenho
direito a dez servidores, eu vou colocar dez servidores, não mudei nada. Mas,
como eu disse, o Prefeito que corta o cafezinho dá uma satisfação para a
população: “Olha, não dá mais cafezinho”. Na verdade, o trabalhador da
Prefeitura passa a trabalhar menos, porque, naquela hora em que ele tinha o
café, ele não recebe; se cortar o veículo do Secretário, ele não vai fazer as
coisas que tem de fazer. Mas dá uma sensação agradável para quem está do lado
de fora dizer: “Olha, não tem mais cafezinho, não tem mais automóvel, não tem mais
nepotismo”. Mas isso vai dar moral para os legisladores? Isso vai dar moral
para o Judiciário? Não, se eles não têm, não vão conseguir com isso. Senão
seria tudo muito fácil, nós faríamos uma lei de que todos brasileiros têm de
ter vergonha na cara. Pronto, tudo resolvido!
Na verdade, nós ficamos preocupados com o
nepotismo, e tenho a tranqüilidade, repito, de quem exerceu seis funções de
Secretário na Prefeitura - duas vezes diretor do DMAE, duas vezes Secretário de
Transporte, Secretário do Governo, Secretário de Obras, Prefeito -, e não
coloquei ninguém ligado à minha família no meu gabinete. Então, eu fico muito
tranqüilo. Se eu tivesse colocado os meus filhos, os meus parentes, eles não
estariam nas posições que estão, porque teriam perdido tempo; talvez, pudessem
ter me ajudando bastante, mas teriam perdido tempo. Essa, talvez, é uma maneira
de esconder outras coisas que acontecem, como os "valeriodutos" e
outras coisas mais.
Outras coisas, por exemplo, são importantes:
diminuir o número de Deputados Federais de 513 para 135; diminuir o número de
Vereadores, seria muito melhor, mas nós ficamos falando no nepotismo e com isso
esquecemos o resto. Mas eu já fico contente, porque ouvi os Senadores falando
que têm de diminuir o número de Senadores, o número de Deputados Federais e de
Vereadores. Então, acho que a coisa começa a melhorar, começaram a sentir que
não é o nepotismo que vai resolver o nosso problema, e sim a seriedade no trato
da coisa pública. Se alguém ligado à família de um político trabalhar como deve
trabalhar, não tem problema. Mas a mídia fica contente, e aí nós fazemos muita
publicidade em cima de fatos como esse.
Nós vamos terminar com o nepotismo. Vai levar o
meu voto favorável, porque o Brasil inteiro está dizendo que isso deve acontecer,
mas não vai resolver os nossos problemas, não. Saúde e PAZ!
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Senhores
Vereadores, nós estamos apreciando e discutindo o Projeto que pretende acabar
com o nepotismo na administração pública, apresentando um Substitutivo; Projeto
do Ver. Oliboni, um Substitutivo do Ver. Braz, uma Emenda e uma segunda Emenda
a este Projeto. Continua em discussão, Srs. Vereadores.
A Verª Sofia Cavedon está com a palavra para
discutir o PELO nº 007/05.
A SRA. SOFIA CAVEDON: Ver. Goulart,
Presidente desta Casa; Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, esse tema
é delicado, especialmente porque diz respeito à vida de pessoas, e eu às vezes
vejo a Verª Mônica, reconheço a sua competência técnica, o tempo de trabalho
aqui na Casa e reconheço que ela foi assessora por muitos anos de seu pai, com
muita competência. Mas me parece, Verª Mônica, que nós vamos dando passos e
passos gradativos e importantes na construção do que é o nosso contrato social
do Brasil. E quando antes discutíamos aqui, apaixonadamente, as nuances e erros
partidários nos seus governos, essa discussão é uma discussão que não leva a
nada se ela não resultar em avanços coletivos, Ver. Dib. Essa é a questão. A
gente não vem aqui para disputar brilhantismo ou quantidade de argumentos, e
sim para que esse debate - que desnuda governo após governo, práticas após
práticas -, vá fazendo a sociedade avançar, essa é a aposta.
E quando eu felicito o Congresso Nacional por
aprovar medidas - e vai aprovar esta do nepotismo - porque acho que é o
resultado da profunda crise vivida no ano de 2005, assim como a diminuição do
recesso, das convocações pagas -, eu digo que nós estamos avançando na
construção do nosso contrato de república neste Brasil. São excelentes tempos estes.
Quando o Presidente Lula disse: “Que barulho bom”, o barulho do grito das
torcidas, os da crítica e os que o aplaudiam aqui no Rio Grande do Sul, ele
dizia: “Que bom”, porque isso é sintoma, é evidência da democracia. Nós já
tivemos tempos, neste País, que, se alguém discordasse, era amordaçado, morria,
era preso. Estes tempos de construção de república são os melhores que nós
podemos viver, e eu me orgulho, e vocês devem se orgulhar de serem
Parlamentares e políticos neste momento. Se nós pudermos, com a nossa prática,
construir ações e políticas concretas que modifiquem a vida das pessoas, se
pudermos contribuir para aprimorar esse contrato social para que menos erros se
cometam, estará cumprida a nossa missão.
E aí, Ver. Oliboni, eu parabenizo V. Exª, porque
o tema do nepotismo é delicado, ele mexe em interesses, mas ele desafia a
avançar. E quando nós acompanhamos a discussão no Judiciário, e o relato que
começamos a ter quando o Conselho Nacional de Justiça determina o fim do
nepotismo, houve mais de mil ações, logo em seguida, tentando salvaguardar
cargos, começaram a demonstrar que nem a nossa Justiça, a Justiça que tem a
tarefa de ser guardiã das leis - e a Lei é um dos elementos fundamentais desse
contrato social, dessa definição da nossa República -, se nem a Justiça
consegue distinguir, aí, Ver. Dib, eu acho que é uma distinção que um dos
juízes fazia em debate que achei singela, mas profundamente elucidativa: as
relações familiares são afetivas, são relações organizadas pelo afeto; as relações
republicanas, as relações com o Estado não podem passar pelo critério do afeto,
das relações pessoais, da área de influência. As relações da república que
sonhamos são relações que, cada vez mais, poderão ser publicizáveis, cada vez
mais serão encontrados critérios públicos de acesso igualitário ao Estado, aos
cargos do Estado, às políticas do Estado. É disso que se trata. No mesmo
caminho está a luta pelo concurso público, no mesmo caminho estão as regras das
licitações, são as inúmeras formas de transparências, são as instituições que
fiscalizam: o Ministério Público, a Polícia, os que fiscalizam as ações, os
contratos, e é nesse caminho, buscando mecanismos cada vez mais universais de
acesso, de controle, que nós aprimoramos o nosso contrato social. É nesse
sentido que caminha a lei contra qualquer tipo de nepotismo, para que as
relações pessoais, ótimas, maravilhosas com nossos amigos e com nossas
famílias, sejam relações de amizade, de afeto. E que as relações do contrato
social sejam relações de república, res pública, publicizáveis, claras,
transparentes, para que todos se sintam cidadãos iguais diante dela. É esse
caminho que devo louvar, que o País está traçando, e que esta Câmara tome essa
atitude também.
(Não revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Obrigado.
Lembro aos Srs. Vereadores que este Projeto voltará às Comissões para que se
apreciem as Emendas e aí retornará a este Plenário novamente.
O Ver. Claudio Sebenelo está com a palavra para
discutir o PELO nº 007/05.
O SR. CLAUDIO SEBENELO: Sr. Presidente,
Srs. Vereadores, parece que Nepote não chegou a Papa, mas ele era um Cardeal
famoso e depois de sua morte se descobriu que na folha de pagamento do
Vaticano, lá pelo ano mil cento e poucos, sobrinhos dele, sem comparecer ao Vaticano,
sem trabalhar, tinham salário. Em “homenagem” a essa figura importante do
Vaticano, que levava os seus “sobrinhos” para lá, certamente apareceu o verbete
nepotismo, que tanto nos incomoda e que tanto nos deixa dúvidas. As dúvidas são
geradas pela proximidade, pela confiança, mas a convicção é que a definição de
nepotismo implica... é isso que eu queria dizer, esse anexo ao que o Ver.
Oliboni falou com muita capacidade, e eu vou votar, indiscutivelmente, a favor
do Projeto do Ver. Luiz Braz, que, ao contrário do seu, ele remove o nepotismo,
não só aqui, como no Executivo. Então, ele fica bem mais completo.
E em homenagem àqueles servidores que estão aqui
diariamente e que têm seu salário equiparado a pessoas que nunca apareceram
aqui, que nunca trabalharam aqui, diferente, muito diferente daqueles parentes
diretos de Vereadores que estão aqui todos os dias trabalhando, como é o caso,
por exemplo, da Verª Mônica Leal, que vinha aqui e que foi uma destacada
funcionária da Casa, enquanto Chefe de Gabinete do seu pai, pois certamente o
Coronel Pedro Américo não encontraria jamais uma chefia tão competente, tão
capaz como a Verª Mônica Leal. Isso eu não considero nepotismo. Agora, voto
contra o nepotismo em função dos abusos que se fizeram neste País, de pessoas
que recebem em casa seus salários, sem nunca terem comparecido, e isso ofende,
inclusive, àqueles Vereadores, àqueles funcionários da Casa que vêm aqui
diariamente e ganham seus salários.
O Sr. Luiz Braz: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Sebenelo, o que ofende a todos nós é
que, enquanto se tramita com essa proposição do nepotismo, o filho do Sr. Lula
da Silva, Presidente desta República, acaba, por indicação do pai, recebendo
cinco milhões de reais na sua empresa, Gamecorp, uma empresa que faz joguinhos.
Cinco milhões! Então, o filho do Lula pode, nenhum mais pode, mas o filho do
Lula pode. E a Dona Marisa recebe um cartão em que pode gastar à vontade e
exagera nos gastos, mas não há problema nenhum, porque isso parece que não é
dinheiro do povo brasileiro.
O SR. CLAUDIO SEBENELO: E,
principalmente, Ver. Braz, a sua Emenda vem universalizar essa idéia, ela tem
não só esse mérito, mas como, evidentemente, nós falamos, teoricamente, em uma
idéia patrimonialista, e o Presidente Lula e o Partido dos Trabalhadores e os
Vereadores desta Casa, todos na vida pública, estão sujeitos a crítica, sim, e
toda a vez que eu entender eu vou criticar. E eu quero neste momento, dizer que
eu me congratulo com o Ver. Aldacir Oliboni pelo seu Projeto. Mas quero me
congratular também com o Ver. Braz, que tem a ousadia de fazê-lo maior, de
fazê-lo mais amplo e de atingir outras proporções. Graças a Deus, aos poucos,
nós estamos deixando de ver o argueiro no olho do companheiro e começamos a
enxergar o tronco que está dentro dos nossos olhos, isto é, vamos começar a
fazer esse trabalho, que é um trabalho de aperfeiçoamento da sociedade, mas
exatamente naqueles locais onde foram os primeiros a apontar com o dedo o
nepotismo dos outros. Façamos aqui na nossa Casa, mas principalmente nos
gabinetes daqueles que têm a iniciativa da Lei, daqueles que tem, inclusive a
responsabilidade de dar o exemplo para uma sociedade, porque a amostragem da
sociedade é que faz a crítica ao político brasileiro de hoje.
Por isso, me congratulando com o Ver. Oliboni;
eu quero dizer que vou lutar para que o Substitutivo do Ver. Luiz Braz não só
seja aprovado, pela sua abrangência, mas que seja entendido pela população como
algo assim muito mais avançado, muito mais ousado, inclusive, mas muito mais
benéfico.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Obrigado,
Vereador. Srs. Vereadores, lembro aos senhores que no carnaval os Vereadores
terão à sua disposição acomodações na Avenida. E que por um motivo de segurança,
não será permitido que passem os seus convites para terceiros. Nós teremos lá a
possibilidade de acomodar 36 Vereadores, mais seus 36 acompanhantes, e mais 36
filhos, ou 50 filhos. Não comportará que se passe para convidados o uso das
acomodações dos Vereadores, prestem bem atenção para que não haja
constrangimentos. Sim, teremos alguns convites para ofertar às pessoas do nosso
carinho que não sejam da nossa família em outras acomodações. Mas nas
acomodações destinadas aos Vereadores, por uma questão de segurança, uma vez
que não temos ainda o aparelho que deveria ter, de cimento - são acomodações de
madeira -, não podemos permitir esses convites. Espero que acatem essa
informações, para que possamos ter um carnaval adequadamente feliz na avenida.
A Verª Margarete Moraes está com a palavra para
discutir o PELO nº 007/05.
A SRA.
MARGARETE MORAES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras
Vereadoras, eu quero cumprimentar e dizer que tenho muito orgulho do Governo do
Presidente Lula nessa luta pelo aperfeiçoamento da democracia, pelo
aperfeiçoamento das instituições quando cria o Conselho Nacional de Justiça.
Este Conselho é um Conselho que aconselha, e é sempre bom trabalhar com o
Conselho, porque dialoga com a sociedade civil. Ele questionou o nepotismo também
nos órgãos da Justiça.
E, aí, tenho também muito orgulho de ser
brasileira, temos um país que tem um Supremo Tribunal de Justiça do porte, do
padrão deste a que todo o Brasil assistiu na televisão, na semana passada. Por
9 votos a 1, com pareceres altamente sofisticados, mas objetivos e claros,
deram uma lição de ética, de sobriedade, de altivez, e de muito cuidado, de
muito carinho com o dinheiro público.
Quero dizer ao Ver. João Antonio Dib, que alguns
setores da mídia, infelizmente, são contra o funcionamento do próprio
Legislativo. Eles não sabem o que nós estamos fazendo aqui, e fazem uma
campanha generalizada contra o Parlamento. E acho que isso é muito ruim, é
contra a democracia.
Colocando toda esta discussão para esta Casa,
quero cumprimentar o Ver. Aldacir Oliboni por ter suscitado este debate aqui, e
nunca foi, por parte do Vereador, uma ofensa, uma acusação pessoal a nenhum
Vereador, a nenhum parente de Vereador que aqui trabalha. Achamos que esta
questão é delicada. Existem pessoas que nós admiramos, que sabemos que
trabalham mesmo, mas nós trabalhamos por princípios, pelo princípio da
impessoalidade na gestão da coisa pública.
Quero dizer que existem mil outros problemas,
como a Verª Mônica Leal aponta, mas nós temos de enfrentá-los um a um. E este é
um dos problemas que existem. Devemos enfrentá-los com racionalidade, sem
passionalismo, sem ofensas pessoais, com o princípio de uma ética pública, que
deve ser aperfeiçoada também. Certamente o Dep. Aldo Rebelo colocará no
Congresso Nacional essa votação e, parece, que, dessa vez, há um ambiente
político favorável para que se acabe definitivamente com o nepotismo também no
Congresso e nas Assembléias Legislativas, como já acontece aqui no Rio Grande
do Sul.
É preciso uma reforma política no nosso País,
uma reforma de fato. E eu acho que o fim do nepotismo é positivo, porque vai na
linha do Brasil republicano. Nós queremos instituições cada vez mais
democráticas, mais transparentes, aperfeiçoadas. E os políticos devem ser
personalidades que sejam exemplares na sua vida pública, na sua vida pessoal
para a maioria dos cidadãos e das cidadãs do nosso País.
Portanto, eu quero rechaçar essas acusações
pessoais, quero dizer que o filho do Presidente Lula trabalha numa empresa
privada. Nós não estamos acusando ninguém pessoalmente, aqui, mas nós também
não podemos aceitar esse tipo de debate, que é um debate muito desesperado e
que eu considero, sim, desqualificado. Quero cumprimentar, mais uma vez, o Ver.
Aldacir Oliboni por sua idéia. Muito obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): O Ver. Ismael
Heinen está com a palavra para discutir o PELO nº 007/05.
O SR. JOSÉ ISMAEL HEINEN: Exmo
Sr. Presidente, nobres colegas, este é um assunto que realmente está mexendo
com os brios - acredito - de todos os brasileiros e com os meus,
particularmente. Eu posso falar à vontade, não tenho ninguém no meu gabinete.
Eu acho que nós, aqui, temos a obrigação de defender a probidade no serviço
público. Nós temos a obrigação de zelar pelo patrimônio público.
O nepotismo é uma das pequenas coisas que me
preocupam neste País. Eu vejo coisas, não digo mais graves, mas bem mais
importantes a serem modificadas para que sejamos franciscanos com a causa
pública, com o patrimônio público. O “centavozinho” deve ser preservado sob
todos os aspectos, porque não nos pertence: pertence a todo o povo brasileiro.
Eu questiono, inclusive, essa
ciranda de Cargos de Confiança que o Presidente da República, num canetaço, sem
colocar em aprovação nenhuma, emite em suas Medidas Provisórias e coloca, só no
seu gabinete, mais de cinco mil CCs. Eu duvido que assinem ponto. Eu duvido que
caibam em seu gabinete da Presidência da República. O filho do Presidente é
dono de uma empresa que é comprada e associada a uma empresa pública, não é uma
empresa privada como aqui foi falado, e é comprada por cinco milhões de reais.
Oxalá, neste País abençoado por Deus, termos um
Presidente que tem um filho luminoso como é o “Lulinha”, que em meses
transcende, como o Presidente gosta de mostrar humildade, galga o society
dos milionários e continua recebendo dessa mesma empresa pública de 300 a 400
mil reais para propaganda. Quando um Presidente da República, com o seu
exemplo, não cumpre com as leis, com as normas que nos regem, quando o Presidente
da Câmara esquece de entregar um apartamento, quando assume a Presidência...
Mas o nepotismo parece que é a salvação do Brasil. Queira Deus que seja! Porque
eu vejo um Deus brasileiro, pode ser que seja. Que talvez num ato irrelevante
de aprovarmos o fim nepotismo, talvez o Presidente da República, talvez todos
os envolvidos em prestações de contas ilícitas, criem um pouquinho de
hombridade, criem um pouquinho de vergonha e devolvam o que assacaram do povo
brasileiro. Eu vejo a polícia federal dizer que vai autuar o senhor Duda
Mendonça por ter recebido dinheiro no exterior, recebido do PT, mas o PT não é
autuado? Isso não fere muito mais os princípios do nepotismo? São tantos
exemplos que a gente vê no trato da coisa pública deste Governo, que nos deixam
enraivecidos, para não dizer revoltados, da maneira com que se faz a propaganda
de um Fome Zero, e, ao mesmo tempo, se faz banquetes convidando artistas
estrangeiros e, talvez, se fosse possível, ao povo brasileiro, com o cheiro dos
banquetes, matar a sua fome. Sou contra todo e qualquer gasto do dinheiro
público não justificado.
Concluo, Sr. Presidente, peço a Deus que nos
ilumine, que com o fim do nepotismo possamos acabar com todas as prerrogativas
não-merecedoras da política brasileira. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): O Ver. Carlos
Comassetto está com a palavra para discutir o PELO nº 007/05.
O SR. CARLOS COMASSETTO: Sr.
Presidente, Ver. Dr. Goulart, colegas Vereadores, Vereadoras, público que nos assiste,
creio que chegou o momento de a Câmara de Vereadores de Porto Alegre fazer a
lição de casa, até porque a nação brasileira vem construindo as relações
nacionais a respeito da qualificação dos espaços do Poder Público.
E não é diferente a decisão que o Supremo
Tribunal Federal adotou na votação de 9 votos a 1, sob a liderança do Ministro
Nelson Jobim. Quero fazer uma afirmação e um elogio à postura com que o
Ministro Nelson Jobim conduziu esse processo, fazendo todos os enfrentamentos
corporativos dos tribunais regionais - e nós bem sabemos que se essa decisão
ficasse para cada um fazer a sua lição de casa, o nepotismo no Poder Judiciário
não teria sido resolvido, ou legalmente construído, como foi a decisão do
Supremo Tribunal Federal. Tanto que a Ordem dos Advogados do Brasil do Rio
Grande do Sul publica a sua posição com muita clareza: “Decisão sobre o
nepotismo é festejada”. A OAB pediu aplausos da sociedade e a Ajuris lembrou
que a luta contra essa prática deve continuar.
Portanto, a Câmara de Vereadores de Porto Alegre
tem que fazer a sua lição de casa e também acompanhar politicamente e
juridicamente as decisões que o País vem tomando. Não quero entrar no mérito da
capacidade do parente de A, B ou C. Queremos, aqui, fazer um ajuste legal, jurídico
desse tema que em muito envergonha o Poder Público Nacional.
Nós, aqui em Porto Alegre, ainda não o temos
construído. Eu não vi e nem ouvi nenhum Vereador vir a esta tribuna combater
publicamente o nepotismo. Todos acham que essa medida deve ser adotada.
Portanto, vamos aprofundar, vamos fazer a discussão, vamos qualificar essa
discussão para ver qual é o melhor projeto.
Agora, aqui nós temos o Projeto do Ver. Aldacir
Oliboni e o Substitutivo do Ver. Luiz Braz. E aqui quero fazer uma referência e
uma diferença que existe entre os dois, Ver. Luiz Braz. No meu entendimento, a
proposta do Ver. Luiz Braz é uma cortina de fumaça para nós fazermos a lição de
casa, tanto que a própria Procuradoria da Casa já o
declarou inconstitucional. O Ver. Luiz Braz propõe legislar na esfera
municipal, na esfera estadual e na esfera federal, dizendo que um parente de um
Deputado Federal não poderá estar em um cargo público, seja no Executivo, no
Legislativo, ou mesmo no Estado. Aqui trago como exemplo a Verª Clênia Maranhão,
que aqui está, que foi eleita, e o Secretário Busatto, que no Executivo
disputou e construiu este espaço pela sua construção política; pelo projeto do
Ver. Luiz Braz isso não pode acontecer, na minha leitura. Essa é a contradição
que vejo aqui no debate.
O Sr. Luiz Braz: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador Comassetto,
coloco novo exemplo: a irmã da Deputada Maria do Rosário está aqui no gabinete
do Ver. Aldacir Oliboni. Estou querendo corrigir tudo isso na esfera municipal.
V. Exª sabe que eu tenho conhecimento suficiente para poder fazer um projeto de
lei desta espécie; eu não estou legislando para nenhuma outra esfera, porque eu
não poderia, eu estou legislando no que cabe à esfera municipal, e peço a V.
Exª que leia o projeto. V. Exª é uma pessoa inteligente e pode claramente ver
que o projeto legisla na esfera municipal, apenas isso.
O SR. CARLOS
COMASSETTO: Muito bem. Trago essas identificações, Ver. Luiz
Braz, como contradições, justamente para o debate, e este exemplo que citei
aqui se enquadra perfeitamente. Vamos verificar se isso é correto ou não; sob o
meu ponto de vista, aprovado o projeto do Ver. Luiz Braz, desde que me prove o
contrário, estaria o Secretário Busatto impedido de assumir este cargo público,
coisa que todos em Porto Alegre achamos que não é justo sob o ponto de vista
político, vamos fazer a lição de casa. Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr.
Goulart): O Ver. Carlos Todeschini está com a palavra para
discutir o PELO nº 007/05.
O SR. CARLOS
TODESCHINI: Sr. Presidente, meu querido amigo, Ver. Dr.
Goulart, Vereadores, Vereadoras, assistência do Canal 16, público presente,
este assunto, na minha opinião, não é um assunto novo, porque também faz parte
da história do Brasil, de antes da República, faz parte da República e cresceu
muito no regime militar. Na época da ditadura, se faziam empresas para abrigar
ou para empregar filhos, parentes dos generais, dos comandantes do Brasil. Nós
já vivemos um período de 20 anos de democracia, 21 anos de avanços
democráticos, é natural essa discussão e é importante que essa discussão venha
a público, porque é uma discussão de mérito também.
Eu não
acredito que a questão de ocupar os cargos de livre nomeação e provimento na
esfera pública possa alterar significativamente as coisas no Brasil ou em
qualquer outro lugar, porque também há pessoas de grande qualidade e de grande
capacidade profissional e técnica. No entanto, o que está se discutindo aqui é
o que vem na esteira da grande decisão desses dias, do Supremo Tribunal
Federal, e da questão de se constituírem símbolos no Brasil que apontem para o
aprofundamento da República, fazendo do País, dos instrumentos de arrecadação,
de controle, de gestão e de gasto, elementos de retorno e de interesse da
sociedade. E é disso que se trata quando se está discutindo esse tema, é de
criar símbolos, identidades e valores que sejam a essência da República, a
essência do interesse público, e de produzir o Estado, de produzir o interesse
público a favor do público.
Não vou fazer aqui a discussão proposta por
alguns Vereadores, como pelo Ver. José Ismael, que deveria dar conta do seu
Partido e de toda a corrupção que envolveu o seu Partido nas épocas em que
esteve assumindo posições de poder, em toda a história. Mais recentemente, eu
quero que sejam explicados todos os atos e todas as coisas que o Sr. Daniel
Dantas fez comandando a “privataria” no Brasil, a corrupção mais deslavada,
espalhada e difundida, desviando bilhões e bilhões de recursos públicos para os
amigos ou para os seus esquemas políticos. Está aqui a última revista Época
(Mostra revista.), retratando, agora, a última denúncia da CPI dos Correios.
Uma CPI, aliás, completamente demagógica, porque ela foi feita com o objetivo
político de atacar o nosso Partido. Mas agora começa a aparecer a raiz, a
origem e os fundamentos de quem são, na verdade, os responsáveis por apodrecer
as estruturas deste País e, felizmente, o nosso Partido está passando a limpo e
levará, quiçá, à toda a verdade, e ela deverá aparecer.
O Sr. José Ismael Heinen: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Obrigado nobre Vereador. Já que V. Exª
citou o meu nome, eu vim aqui me justificar. Quando o meu Partido esteve no
poder, contra o Vice-Presidente Marco Maciel, até hoje, não há nada a ser
falado dele. O meu Partido até hoje não tem uma acusação para esclarecer contra
o Sr. Marco Maciel; enquanto o seu Partido, o seu Presidente... O Waldomiro
Diniz está solto ainda, não preciso falar mais nada!
O SR. CARLOS TODESCHINI: Pois é, mas o
Sr. Daniel Dantas, que é do seu Partido, está sendo procurado, está sendo
chamado às barras dos tribunais, e todos os outros Daniéis Dantas que há no seu
Partido, porque a fila é muito longa, são sempre os envolvidos nas grandes
corrupções, nas privatizações, na entrega do patrimônio público, na pouca
vergonha, no desmonte do Brasil. Isso tem nome, isso aconteceu no Governo FHC
com ação principal do seu Partido sim, do PFL, aqui no Estado representado pelo
Governador Antônio Britto, quando era do PMDB, e o Fernando Henrique, quando
era Presidente da República. Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Muito obrigado,
Vereador.
O Ver. Sebastião Melo, grande liderança do PMDB,
combativo, está com a palavra para discutir o PELO nº 007/05.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente,
Ver. Goulart, eu quero cumprimentar a Bancada do PT, esse extraordinário Ver.
Oliboni por essa proposta. Porém, Ver. Ibsen, ela poderia ter vindo um pouco
antes. Eles foram Governo por 16 anos na Cidade e empregaram muitos parentes no
Executivo. Aliás, o Prefeito Tarso Genro tinha cunhada lá. Mas bem-vindo, Ver.
Oliboni, antes tarde do que nunca! Mas V. Exª poderia ter proposto isso há uns
10 anos!
Em segundo lugar, eu preciso dizer que às vezes
há políticos que dão CCs para os parentes. Agora, há políticos que dão
contratos milionários para parentes. Um exemplo é o filho do Lula: com um
contrato de 5 milhões com a Telemar, com certeza não precisa de um “cecezinho”
de dois mil reais! Está muito bem aquinhoado!
Então não podemos tratar essa
matéria com hipocrisia. Eu quero dizer que votarei “maiusculamente” favorável,
e eu quero dizer que sou Vereador há cinco anos e nunca empreguei parentes -
pode ir no meu fichário, lá embaixo, desde o dia 1º de janeiro de 2001, nunca
empreguei parente. Então, estou tranqüilo.
Agora, acho que a discussão fulcral dessa
matéria é a existência do CC, está correto? O serviço público vem mostrando um
falecimento. Os CCs já foram em número bem menor nesta Casa mesmo; eu sou
Vereador há pouco tempo, mas sei, por exemplo, que quando a Câmara funcionava
lá na nossa querida Rua Siqueira Campos havia um funcionário por Bancada, se
não estou enganado. Hoje temos quatro CCs por gabinete - é evidente que as
demandas aumentaram... Então, Ver. Comassetto, acho que não dá para tratar essa
questão dessa forma, quer dizer, eu fazer uma demagogia bárbara, um falso
moralismo, não!
Acho que a sociedade exige dos homens públicos
uma postura correta no exercício do mandato e transparência nos seus atos. Eu
quero dizer que vou votar favorável, tranqüilamente, isso é ponto pacífico,
agora, o que eu não vou permitir, na minha avaliação, é que se tripudie; isso
acho que não está correto.
O Sr. Carlos Comassetto: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Sebastião Melo, sobre a sua afirmação
anterior: por que não foi apresentado antes o Projeto. V. Exª não era Vereador
na época, nem eu, mas em 1993 o então Vereador João Verle apresentou um
Projeto, faz 13 anos que tramitou nesta Casa, e até o momento isso não se
tornou realidade. Portanto já havia sido tomada essa iniciativa antes. Muito
obrigado.
O SR. SEBASTIÃO MELO: V. Exª
contribui magnificamente! É aquele Projeto que eu chamo “moeda de troca”, que
ele apresentou e a cada início de Legislatura ele apresentava. Quando não era
ele quem apresentava, eram seus seguidores, inclusive o Ver. Marcelo Danéris,
me lembro, desarquivou. E depois, para votar os Projetos do Executivo, colocava
o Projeto. O Projeto ia, o Projeto voltava, o Projeto ia... Eu conheço, eu
venho de longe! E V. Exª fazia parte disso, o seu Governo! E V. Exª negociava com a Casa... E V. Exª me oportuniza extremamente, me lembrou
fantasticamente sobre esse tema!
Então, volto a
repetir, poderia ter feito antes, que bom que veio agora! Eu acho que esta Casa
vai votar consensualmente à redução do Recesso, Presidente, encaminhado por V.
Exª, isso é bom, porque eu não vejo nenhum Vereador aqui tirar férias, falo
isso com toda a tranqüilidade. Eu não faço parte da Representativa deste ano,
mas tenho vindo aqui, e há mais do que 19 Vereadores. Eu não vejo Vereador
tirar mais do que 10 dias de férias, e para a opinião pública parece que nós
estamos de férias. Então, tem que tirar mesmo, porque é uma versão construída
demagogicamente!
Esta Casa foi
pioneira no País de não ter os jetons, o que a Câmara Federal agora fez, quer
dizer, tardiamente, mas fez, e foi a sociedade pressionando, foi a imprensa
pressionando!
E agora o Supremo
acaba tomando uma decisão em relação ao Judiciário, que eu quero dizer que 85%,
90% dos juízes de 1º Grau - e eu conheço muitos juízes - sempre foram
favoráveis a isso, quem era contra eram os que indicavam, ou seja, a instância
superior, o Tribunal, porque este é que indicava os parentes. E acho que tem
que votar. O Presidente Aldo diz que vai colocar em votação, e acho importante
porque, efetivamente, o Brasil está exigindo de todos nós, da sociedade, dos
políticos, uma postura firme na conduta da coisa pública.
Por isso, Ver.
Oliboni, cumprimentos pela iniciativa, pela Bancada do PT. Não dá para ficar
gritando muito alto, porque empregou muito parente, tanto quando o Olívio foi
Governador, tinham as cunhadas, os parentes das cunhadas, dos Deputados, e até
o Prefeito tinha a cunhada dele que estava lá empregada no Gabinete. Então,
talvez seja por isso que o Projeto ia e voltava, era moeda de troca, ia e
voltava, e agora eu espero que ele vá e não volte. Muito obrigado, Sr.
Presidente.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Dr. Goulart): Não havendo
quem queira discutir, termina aqui o nosso acordo para a discussão, uma vez que
os outros dois Projetos para a votação não estão prontos ainda.
Estão encerrados os
trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se a Sessão
às 18h.)
* * * * *